quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal é uma palavra que já tem pisca-pisca, não? É tão chique a festa que preparamos, com perus, sobremesas e vinhos. O que parece faltar, vez por outra, é o aniversariante. Não que eu queira contar os anos de Jesus como se Ele, de fato, os considerasse como nós, homens. Mas para quem entende que o natal é quando nós recebemos o melhor presente de todos (e deve ser para se lembrar disso que a gente dá tantos presentes), isto é, que o natal foi o dia em que Deus mandou o seu filhote que morreria por nós, a festa não faz sentido sem uma oração de agradecimento ou sem um desejo de bênção. Para os que, ao contrário de mim, não acreditam no poder da vinda de Jesus ou não acreditam em Deus, que o natal sirva como uma história de amor. Aliás, do amor.
Os finais de ano, além das luzes, trazem consigo alguma rima. É como se tudo terminasse e recomeçasse, como diz Quintana tão lindamente. Eu me lembro de que fiz uma lista, há alguns meses, de todas as coisas boas que aconteceram neste ano, mas penso que será um daqueles papéis que se perdem e depois trazem riso, quando são encontrados nas arrumações. Nele eu agradecia por ter passado no vestibular, na UFPB e na UEPB, pelo CAE, pelos acampamentos, por Londres, pela viagenzinha a Porto, pela recuperação de Papai, pela nova monitoria, pelo meu benzinho, pela calmaria que traz a tábua de marés, além daquilo de sempre, a minha mamãe-pedacinho-de-mim, Itamarzinho, a minha família engraçada e forte, os meus amigos queridos.
Termino, então, 2009, feliz, agradecida e esperançosa. Há nuvens mais altas à vista.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

(In)finito

Divirto-me bastante com os amores eternos. Não que não lhes creia. Acredito, porque já vi tanta gente que fica junto a vida inteira, mesmo com os problemas, e acredito porque vejo o meu vô, com aquele jeito seriíssimo dele, dar cheirinhos na cabeça de vovó, abraçá-la e dançar com ela. Encontro a graça nas declarações pueris de quem passa duas semanas juntos e diz que vai amar para sempre. A verdade é que, quando se é muito criança, confunde-se gostar com amar. Quem ama, ama mesmo quando não gosta, mesmo quando tem problemas, mesmo quando briga. Gosta-se por natureza, pela sensação boa; ama-se por decisão. Gostar pode ser instantâneo; amar é, necessariamente, uma construção.
Luís Roberto Barroso, um desses caras que a gente deve ler no Direito, escreve também prosa bonita e, falando do amor, diz o seguinte, com o que concordo sem adições:

Creio no amor apaixonado e cúmplice, que supera a paixão narcísica de cada um. O amor sublime, que não exige o rebaixamento do erotismo e nem o conformismo imposto - e não eleito espontaneamente - a certos deveres sociais e legais. Ainda nas palavras de Maria Rita Kehl: 'o amor sublime é o amor de escolha e, portanto, amor de liberdade. É união com base em afinidades eletivas e, portanto, uma aliança a favor, e não contra, o vôo de cada um pela vida.'
[E continua Barroso]: Quem ama, encontrou e se encontrou.

Quem me lê pode rir também da autoridade com que eu pretendo falar do assunto, eu que gostei muito, mas não sei ao certo o que seja o amor.
Parece-me que é preciso rotular menos, viver mais, ser transparente, para que, diferente do da cantiga, não seja vidro e nem se quebre o que pode ser amor.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

To babycakes

Anda, passa e corre
Muda e se transforma
Seja ela um drama
Uma trama
Ou nada

Os relógios livres
Marcam as passadas
Das que são amadas
Queridas
Ou nada

Os ventos certeiros
Levam com ardor
Os que têm um amor
Uma dor
Ou nada

Do banco de sempre
As escadas rolam
Eles dois se gostam
E as olham
E tudo

(Que admiremos o rolar da vida juntos)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Out of the blue dreams

Um dia entrei naquele navio com que sonhava desde pequena. Engraçado que sempre que me perguntavam qual era o meu sonho, eu dizia, sem hesitar, que era voar. Mas o sonho recorrente era outro, oposto: navegar. Dentro do navio havia fotos da minha família, dos meus queridos, do bebê que fui, do riso despreocupado que tive, do choro que hoje me parece tolo. Lembrar de uma dor passada traz mesmo um alívio esquisito. O interessante, contudo, é que o navio portava também fotos do meu futuro, em que crianças inéditas, mas que eu sabia que eram meus filhos, brincavam e sorriam um riso divertido, como as estrelas que riem do Petit Prince. Vi fotos do meu casamento, de viagens, e tudo era tão diferente dos meus planos que eu me impressionei bastante.
Em meio à abstração contemplativa da minha existência futura, aproximou-se de mim (e parecia ser a única pessoa do sonho) um rapaz alto, vestido de azul e calçado em umas botas esdrúxulas e pretas, chamando-me pelo nome. A princípio, assustei-me, porque não sabia em que oceano estava, e temia a simbologia do azul anglofônico, mas a fisionomia do rapaz era aquela de uma pipoca, não seria mau. Quando começou a falar - e era em inglês fluente - percebi que os mares não eram europeus, e senti-me mais leve, porque a força da simbologia era a do azul da música de Alceu Valença.
Convidou-me a entrar na cabine e explicou-me como dirigia a embarcação. Compreendi pouquíssimo do que me disse o homem, mas sua postura era tão certa e suas palavras tão fortes que eu não tive problema nenhum em dormir no navio. Pela primeira vez, viajei sem medo algum. Quando acordei, pela manhã, o homem estava pendurando mais um quadro na parede do que, aparentemente, era a minha vida, mas acima dos demais. Não era uma viagem, nem conquista, nem festa, nem filhos, nada distante. Era um retrato do mais ordinário cotidiano e, mesmo assim, tinha o maior destaque.
Antes que eu pudesse perguntar-lhe qualquer coisa, o homem puxou-me para uma valsa, e eu, que não danço bem (nem nos sonhos!), acompanhei, morrendo de rir. Ele olhou para mim com carinho e orgulho, como papai e mamãe me olham - sim, era o mesmo olhar! - e explicou que o retrato tinha destaque porque nele eu ria o riso de todo dia. Depois disse-me:
- Enquanto eu guiar o seu navio, navegar é preciso. Quando você olhar para dentro dele, desde que se lembre de mim, sentirá conforto. Eu sei lidar com as turbulências.
Junto com esta última frase, deu uma piscadela, explodiu, e eu acordei.
O déjà vu que eu tive hoje foi da foto que eu tinha visto, e a vida também se tornou precisa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Até amanhã

Na minha busca incipiente mas persistente pela escrita, encontro o problema das palavras fugitivas. Fossem pessoas, distribuiríamos panfletos, faríamos investigações e acha-las-íamos. Mesmo que não conseguíssemos, a minha consciência estaria traqüila pela tentativa concreta. Mas a questão que me aflige, todos os dias, é como concretizar a procura literária, pois, para mim, as palavras, as idéias e as rimas vêm sem medida e sem constância. Por vezes são brisa, outras, vendaval. Assusto-me sempre. Quando da brisa, dos pingos, penso que pode-se acabar tudo e para sempre. Quando dos vendavais, das tempestades, nunca consigo materializar tudo e me vejo perdida em horas, às vezes dias, de simples transcrição da mente. Esquisito é que o que não escrevo não permanece, flui, toujours.
Aliás, 'fluir' é um apelido carinhoso para a fuga. Ora, se as idéias me foram dadas pelo Criador ou se eu mesma as pensei, são culpadas por se esvaírem. Deveriam ficar aqui, comigo, sempre.
Hoje, especialmente, minhas mãos, cansadas de escrever o que agora me parecem inutilidades jurídicas, queriam rabiscar beleza. Mas é lua minguante, brisa e não chove nem um pouco.
Escrevo, então, para que as minhas palavras saibam que não dependo delas, que posso criá-las (e para que eu mesma tente acreditar nisso), mas sei que amanhã virão. Sempre vêm em dia de festa, vêm invariavelmente com o meu bem-querer.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sincronize, ande.

É bem verdade que a vida é corrida. A minha então, só é. Tento equilibrar os trinta pratos da minha balança e as três bandejas que os suportam: corpo, alma e espírito. É trabalho penoso, por vezes. O que eu noto, observadora curiosa que tento ser, é que se o meu corpo ou a minha alma estão em falta, eu sinto bastante, mas consigo continuar, ajusto depois. Quando o meu espírito, contudo, desincroniza com o Espírito, a vida desanda. E deve mesmo desandar. A linda palavra de Deus diz que o Seu Espírito habita em mim. É Ele, dentro do meu coração, quem me dá o direcionamento de que preciso, que serve como bússola, mesmo quando o barulho do mundo é estrondoso. Estar ligado com Deus é o que me garante paz, e confiar nEle é a única coisa que me faz continuar. Lembrar-me de tudo o que já fez por mim e de como se importa comigo me faz sorrir e às vezes chorar de alegria. Ir à igreja, onde mais me encontro, levantar minha mão e dizer que Ele é lindo me faz sentir a Sua presença, que é o meu maior prazer. Por isso, quero, sempre e cada vez mais, que na base do meu triângulo de bandejas esteja o meu espírito. E nele, o meu Papai do Céu. Sei que basta.
(re)Começando a vida, ela, como se já soubesse do que se tratava a existência, gritava, a plenos pulmões: "Por favor, deixem-me viver. Deixem-me acertar, tentar e até errar, por que não? Preocupem-se, mas deixem-me crescer, respirar e decidir. Já errei tanto, mas também já acertei tanto. Errei onde encontrava acerto e acertei onde menos esperava, tantas e tantas vezes. Peço - aliás, ordeno! quem pensam que são? - que me deixem fluir e nunca se esqueçam de que a correnteza das minhas águas tem e sempre terá a mesma direção: Deus, o meu motivo, a minha vida." E pensava, consigo mesma, com certeza: "O manacial cujas águas jamais cessam."

Penduricalhos

Eu lhe dizia todos os dias e sempre que a felicidade vivia em nós, e que os espasmos de alegria extra que tínhamos eram como as bolinhas que colocamos na árvore de natal. Era assim que devia ser. Tínhamos de ser inteiros sempre, mas enfeitados com os pingentes da vida. Para ela, a minha pequena, tudo eram penduricalhos (aprendeu bem a lição). Os sorvetes que tomava com os amigos, as gargalhadas estrondosas, os risos quietos, os abraços, as viagens - ela percebia a felicidade em tudo, absorvia-a e colecionava-a. Nos finais de ano, tinha bolinhas, estrelas e até passarinhos(!) em todos os galhos de sua árvore. Antes de partir, escreveu-me, em palavras curtas (como me incomodam!): "Você é um pisca-pisca". Não sei se se referia à gênese ou à permanência. Aliás, não me importo. Sempre adorei os seus natais, e a sua árvore, que vejo nas fotos em que eu era tão pequena (e tinha uns cabelos tão pequenos), e que hoje está sempre guardada, para a saudade minha, me lembra da graça que tem a vida e me faz querer juntar para mim os enfeites quotidianos, a magia de todo dia, os assovios da paz.

sábado, 24 de outubro de 2009

Can you?

In the beautiful sandy sea, in the stunning sky, in the nature, with the wind and the breeze, in the songs you hear, in the poems you read, in the smiling faces, in the agape, in the little miracles, in the huge ones, in me, in you.
Seriously, can't you see God?

~

"Open the eyes of my heart, I want to see You, Lord!"
(Paul Baloche)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Letter 21##

Meus Bens,
Antes de tudo, agradeço-lhes a preocupação. Estou me recuperando bem, tranqüilizem-se. Quero, nesta carta, contar-lhes uma história. Das reais. E envio-lhes uma cópia por email, como sempre. É que agora resolvi colocar no bloguinho para que eu possa sempre lê-la - traduzi-me bem, desta vez (incrível, não?). Pois bem, vamos ao caso. Lembram-se de Ana, aquela minha amiga de quem lhes falei há sete meses? Ana ficou com José. José é um colega querido de João - querido meu, também. Então, ficaram. Antes de tudo, devo dizer-lhes como me incomoda a intransitividade do ficar. Não me refiro ao amar da fraulein de Andrade (sempre esquisita, para mim), nem à escrita de Clarice, é claro. Os intransitivos de Clarice são a minha paixão secreta, vocês sabem. Mas, e ficar? Que significa? Não é sinônimo de permanecer, isso é fato. Ficar é transitório, como o foi com Ana e José. Ficaram umas cinco vezes, depois cada um correu para o seu lado, e - pasmem! - hoje, parece que nada aconteceu. Não sei porque, meus bens, mas me parece tão doentio. Não soa saudável, a vocês ocorre o mesmo? Acho que a atitude poder-se-ia incluir naquelas atitudes modernas que não compreendemos.
Quando me lembro de quando éramos menores e compartilhamos nossos primeiros amores, aliás, compartilhamo-los todos no mesmo espírito, com o entusiasmo engraçado e taquicárdico dos in love, penso que vivemos bem. Das piscadas de olho (quão piegas soam!) aos elogios, dos elogios às implicâncias, das implicâncias ao afeto, do afeto ao bem-querer e deste ao estar junto. Notem: estar. Lembro-me também de quão atípicos sempre foram vocês - talvez por isso eu os tenha em tão alto conceito - porque abraçavam o compromisso como quem se joga de asa delta. Pensando bem, vocês são muito sortudos. Nunca lhes ocorreu encontrar as facas no ar, como Léo e Bia?
Em conhecendo-lhes, diria que não. Mas, volvamos ao assunto. Já imaginaram quão terrível deve ser beijar alguém com quem não se tem vínculo? Qual é a ética do negócio? Aliás, esqueçam, não me digam - não quero saber. Compartilhar um pedaço de você com um simples amigo? (Não me levem a mal, é claro que nós cinco dividimos alma e pensamento, que são mais profundos, mas vocês sabem que um beijo é a mais entusiástica comunhão dos in love). E como é bom, esclarecido tudo, deitar nos braços da paz cordelianos e encontrar o timing perfeito! Lembro-me de você e Maria, Pedro! Pensei que o major matá-lo-ia, naquele dia. Por isso fizemos a festinha antes - não tínhamos certeza se voltaria vivo. Você é cabra macho mesmo, amigo! Sabe que são o meu casal preferido, pela força que têm, por tudo.
Não posso esquecer de Caio também, mas a história dele é a mais cômica, e eu estou tentando escrever-lhes com seriedade, ao menos uma vez.
Com todas as recordações, só posso decidir permanecer no estar. Sou dos compromissos, da segurança, do relacionamento, do namoro, da certeza, bem me conhecem - não há jeito. Ao mesmo tempo, tenho medo da rapidez. Não gosto da urgência, mas também me atordoa a incerteza. E lá vai, como sempre, termino bombardeando-lhes com meus paradoxos. Já se acostumaram, não é mesmo?
Mando a foto dos meus cabelos novos e dos meus óculos novos, para que me vejam e digam o que acham.
Ah, Fabi, seus poemas me fascinam, cada vez mais. Escreva muito, minha amiga. Escreva sempre. Você voa, com certeza.
Beijo-os, abraço-os e sinto sua falta sempre,
Com todo amor, permanência e calma,
Estejam,
MH

P.S.: A prova de francês foi comicamente terrível - é preciso que me perdoem a bagunça na pontuação e nos acentos.
P.P.S.: Troquei todos os nomes, é claro. Não reclamem de sua identidade pública! :P

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ma fierté :)


"Lembrei-me, naquele dia e muitas vezes, da importância da figura paterna – portanto, masculina – em minha vida. Quando eu era criança, o carro de meu pai entrando pelo portão, seu passo no corredor, o cheiro de sua água-de-colônia, sua máquina de escrever batucando noite adentro na biblioteca do outro lado da parede do meu quarto, tudo isso era mais que metade da minha segurança e felicidade. Seu jeito de falar comigo, nunca como se eu fosse uma criança boba, mas uma pessoa, suas respostas às minhas eternas curiosidades, seu acolhimento, sua paciência, até sua brabeza. Sua preocupação comigo, sua severidade em questões de vida escolar (em que eu era apenas sofrível), seus elogios e seu interesse, tudo me marcou tanto que ainda hoje, tantas décadas depois, me pego pensando: o que será que ele diria disso? O que me aconselharia? Que palavras escolheria para me confortar, animar ou até censurar?

O personagem positivo, amoroso, do pai que cuidava sem podar, atendia sem cobrar, acompanhava sem aprisionar, e me fazia sentir uma princesa mesmo que estivesse atrapalhada, é fundamental para minha relação com o mundo, sobretudo com o masculino. Não conheci o homem arrogante e bruto, egoísta, tirano, infantilóide ou metido a garotão, de que tantas mulheres se queixam, como pai ou companheiro, e por isso lhe agradeço ainda hoje. Conheci o masculino confiável – não perfeito, porque apenas humano, mas presente e bom. Por isso, possivelmente, não cresci desconfiada dos homens, nem agressiva, nem irônica. Não por virtude minha, mas pela beleza e bondade daquela presença primeira."
(Lya Luft)

E o meu arrasou hoje, arrasa sempre! Vê-lo retornar é lindo. Papai é forte, é o meu orgulho! :)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Jujuba

para as crianças da minha vida, quem tanto amo
e para a criança que há em mim, sem a qual não viveria

...
..
.

Um, dois, três
Un, deux
One

Pá-pá-pá
Lá-lá


Sem meia
Sem meio
Inteiro

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Last Sunshine

O doce perfume que encheu aquele dia não se parecia com o insípido ar das outras tardes. Cheirava a alegria, felicidade, chocolate e morango. O céu estava rosa-alaranjado do pôr-do-sol, como se o Sol se fosse com pena - queria ficar mais tempo. As visões que preencheram aquela manhã foram singulares. Reencontravam-se, por acaso (existe?). Começaram a primeira conversa - sim, porque apesar de se reencontrarem, na verdade nunca se falaram. E ficaram embaraçados, suas bochechas coravam. Olhavam um para o outro, tentando esquadrinhar o que se passava pela cabeça do outro, e é como se conseguissem adivinhar, porque o diálogo era de um silêncio que se podia ouvir nas batidas do coração. Naquele momento, sua alegria era tão imensa que não se lembravam da espera nem da distância. Lembravam-se apenas do sossego com que o Criador os presenteava agora. Passaram o dia no êxtase da presença um do outro. Na alegria de escutar a voz um do outro. Na felicidade da parceria intelectual que faziam tão bem - mesmo que ele soubesse mais que ela. E o Sol era tão ameno que parecia acompanhar o clima suave dos dois. Andando pela praia, despediram-se do companheiro de um dia inteiro, com o saudosismo inerente aos amantes. E tinham a melhor das vidas, porque esperavam a lua. A melhor das vidas precisa de saudosismo e esperança, de saudade e sonho - e isso, meu caro amigo, os cúmplices de que falo tinham de sobra. E de sobra.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

First Sunshine

Se eu não paro, se danço no ritmo agitado da existência, se passo da valsa ao forrozinho, aí sim é que sou feliz. Se dos excessos - de palavras, de risos - faço essência, sou inteira. Afinal, que significa ser expletivo? Quem faz os truques diários da vida sabe que nada é demais: tudo é vento no rosto, que acalma, afaga e renova. O que chamam de supérfluo é, na verdade, a mudança de ritmo, e não há quem pudesse dançar aqueles três tempos para sempre. Dançamos dois e quatro e pausamos. Nas pausas, escuta-se o melhor som do mundo e a linda sinestesia do Sol.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O milagrinho aqui de casa

Vinte e dois dias depois do acidente, papai saiu do hospital. No dia 28 de agosto. Posterguei o relato, mas não o esqueci. Durante o tempo em que papai esteve no hospital, meus amigos o sabem, as notícias foram bastante controversas. Mesmo depois que deixou a UTI, teve complicações. Ligavam-me e eu dizia: "está bem melhor". No outro dia: "descobrimos outra coisa". E a situação oscilava de tal maneira que os nossos corações, por vezes, se cansavam. Lembro-me, detalhadamente, da noite mais tenebrosa da minha vida, quando descobriram que papai estava com um sangramento no cérebro e hidrocefalia. Segurava-me em meu irmão, porque minhas pernas tremiam como eu nunca achei que fosse possível. Mesmo assustada, eu - talvez surpreendentemente - não deixei de crer. Em meio à minha angústia, eu joguei-me no chão tantas vezes, comprimi o meu rosto à parede, e clamei ao Senhor. Os amigos-irmãos que me ligaram naquela noite não entenderam bem as palavras que muito mal saíam da minha boca, mas me escutaram, oraram por mim - nessas horas, aprendemos o que significa ser amigo. Os dias que se seguiram foram cheios de crescimento. Lembrava constantemente "não se turbe o vosso coração" e disse à minha mainha (que é uma mulher de FÉ): "Mainha, isso é Deus dizendo: 'se avexe não'". Deus, em sua infinita bondade e em sua linda graça, salvou a vida do meu pai. Sei que Ele é soberano e sabe o porquê de termos passado por tanto sofrimento. Sei que aprendemos mais da Sua fidelidade que é enorme e incomparável. E descobri, um pouquinho mais, o que significa ter fé. Mamãe disse muito bem que, embora os médicos não quisessem nos dar esperança, só deveríamos escutar a voz de Deus, que diz: "Não temas." Eu O agradeço todos os dias, incessantemente. Faltam-me as palavras, as frases, falta-me o que expresse bem tamanha gratidão. Mas o Senhor conhece o meu coração e sabe. Tantas vezes nos disseram, com uma expressão pesarosa: "agora, só Deus", sem saber que, para nós, era aí que habitava a maior esperança. Como diz o Salmo 46, Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza.
Hoje, ao sair ali na sala e ver meu pai (que agora, enquanto se recupera, precisa ficar em casa), olhar bem pra ele e ver aquele riso engraçado, louvo ao Senhor - deixou-me ver mais um milagre.

~

"Há momentos tão difíceis que, se Deus não nos tomar pela mão, ficaremos prostrados; igualmente, se Ele não tocar o nosso coração, ninguém conseguirá nos consolar. Se a força dEle não nos erguer do caos, ficaremos cambaleando, tal qual um bêbado com passos trôpegos pelos corredores da vida. Deus é a esperança que nos mantém vivos, e a Sua presença é a razão de seguirmos vivendo."
(Estevam Fernandes de Oliveira, meu pastor querido)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Soft

Eu não saio para beber toda semana, não viro noites em festas e não fumo. Não uso drogas, não "fico" e não vou pra balada. Claramente, não me encaixo nos padrões. Há quem me julgue taciturna, mas há de se desconfiar dos julgamentos gratuitos. A verdade é que a felicidade parece ser a estabilidade que se encontra com o tempo e, ao mesmo tempo, o desejo de ver o novo. Digo que amo o mar, as línguas e a literatura. Amo, acima disso que tanto amo, conhecer, sempre mais, o Senhor e sentir a Sua presença.
Não me faz feliz a diversão típica. Não sou daqui, bem sei, e a tranquilidade me faz sentir um pouco do lugar para onde vou.
Ah, contemplem a calmaria e saberão do que fala a minha alma - das borboletas!

sábado, 15 de agosto de 2009

Sweet 18 :P

Meu aniversário foi uma beleza. Meus amigos me visitaram, tudo com muita tranquilidade, porque o meu espírito não está para festas - é claro que ando preocupada com papai. Hoje fui vê-lo três vezes no hospital. Fez-me chorar em duas delas. Eu ganhei o que eu mais poderia pedir a Deus hoje - meu papai tá conversando com todo mundo. Não vai precisar de cirurgia na pleura, e o dreno foi fechado hoje. Se ele não tiver mais nenhuma dor (e, por favor, não tenha!), sai logo logo daquela UTI horrível. Na virada para o meu aniversário, agradeci muito a Deus pelo que tem feito em painho, mas também pensei no ínterim entre o meu aniversário do ano passado e o deste, e vi que Deus concedeu-me os desejos do coração. Deus é de tal maneira gracioso e bondoso comigo, que eu nem sei explicar. Lembrei-me dos vales também e do crescimento que lhes é inerente. Sou grata a Deus, porque foi o meu socorro na tribulação e a minha festa na alegria. Sou-Lhe grata pela minha mãe, que é uma extensão da minha alma e compartilha de tudo comigo, pelo meu pai que é o meu exemplo, pelos meus irmãos amados, pela minha família, que é uma comédia e um porto seguro, pelos meus queridos a quem eu amo muitíssimo, e que são as pessoas a quem eu quero bem, mesmo longe, e pelos pouquíssimos e excelentes amigos que tenho, sobre os quais eu vivo dizendo que bastam os dedos das mãos para contá-los, e que são, para mim, motivo de alegria intensa. Sou-Lhe grata por preencher todas as minhas necessidades e por escutar as minhas palavras, por sentir o Seu apoio a vôos mais altos. Mesmo sendo agora maior de idade (serei um perigo nas ruas de João Pessoa haha), quero sempre e cada vez mais, ser dependente de Deus, e que Ele sempre me lembre de quão curtos são os meus dias, para que eu tenha sabedoria.
Enfim, como disse o meu pai muito sabiamente hoje: eu só tenho o que agradecer!
BeijosBeijos
Obrigada pelas orações!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

YES!

Hoje tiraram o tubo respiratório de papai e o sedativo. Quando fui vê-lo, à tarde, estava com aqueles olhinhos abertos, e apertou minha mão com muita força, quando eu entrei e fiz: "dooooido!" Ele ainda não pode falar, mas conversei com ele, disse-lhe que todos estavam orando por ele, contei-lhe que passei em hermenêutica (e fez um legal especial pra essa notícia), orei com ele, e ele apertou minha mão em "amém", no final. Quando eu disse que o amava muito, eu, pela segunda vez na minha vida, vi meu painho cabra macho chorar. Dei um cheiro na mãozona gorda dele e saí, porque não queria chorar na frente dele. Sei que o estado dele ainda é grave, o líquido ainda está sendo drenado do seu cérebro, mas como é bom saber que ele está bem! Como é bom saber que Deus ouve as nossas orações e vê as nossas lágrimas! Como disse o salmista, também digo eu, que na minha angústia clamei ao Senhor e Ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor. Digo que o Senhor é a minha esperança desde a minha juventude. Digo que Deus é o meu refúgio e fortaleza. Digo que Ele encheu a minha boca de riso e a minha língua de júbilo. E eu repito, repito, repito incansavelmente: "Grandes coisas fez o Senhor por mim!"
Aleluia! :)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Você não conhece a importância de um batimento cardíaco até ter que se comunicar com um.

[Deus, cura o meu papai!]

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

No tempo de observação de papai, as coisas se agravaram. A angioplastia foi um sucesso, e ele recuperou os movimentos do braço esquerdo hoje, mas no sábado descobriu-se uma pequena hemorragia no cérebro dele e hidrocefalia. Colocaram um dreno horroroso na cabeça dele, entubaram meu papai e ele está sedado o tempo todo, mas Deus é Deus de milagres. Deus livrou meu papai da morte, no dia do acidente, e continua trabalhando na vida dele. Ontem, quando entrei pra visitá-lo, apertou-me a mão, respondeu às minhas perguntas com o dedinho. Batendo "sim" e "não". Os médicos dizem todos que meu papai é forte. Hoje, pouco tempo depois de tomar uma dose aumentada de sedativo, levantou as pernas quando escutou a voz de mamãe. Eu sei que ele vai ficar bom. Por favor, estejam em oração por ele. Sei que Deus tudo pode, e que nenhum dos Seus planos podem ser frustrados.
Muitas bênçãos para todos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Estava eu ontem aqui, tranqüilíssima, fazendo minha hora silenciosa (que, por sinal, dizia o seguinte: "Quem obedece e respeita ao Senhor tem uma força especial e um apoio nas horas difíceis; sua família será sempre protegida. Obedecer e respeitar ao Senhor dá novas forças para enfrentar a vida e escapar dos perigos da morte.") quando ligam da polícia federal, dizendo que papai sofreu um acidente, capotou e estava sendo levado para o hospital de trauma. O susto foi enorme. Lembrei-me, automaticamente: "sua família será sempre protegida" e repetia veementemente no carro. Corremos, mamãe e eu, para lá. Quando estávamos bem perto, ligaram de novo, mandando-nos para a Unimed. Pois bem, chegamos lá, papai chegou alguns minutos depois, em profunda dor. Gritava muito. Fizeram todos os exames, nada foi quebrado nem fraturado, nem perfurado. O único problema era o braço sobre o qual ele caiu (até agora não sabemos o que houve de verdade, parece que um problema no tendão), e os machucados, que foram muitos. Até então não tínhamos muitas informações, depois foram chegando. Um moço da polícia disse para mim que papai ficou uma hora dentro do carro antes de alguém chegar para lhe prestar socorro, e que houve uma família que parou e ficou conversando com ele, para mantê-lo consciente durante esse tempo, enquanto um caminhoneiro pedia ajuda. O homem da ambulância que o resgatou disse, já no hospital, depois de feitos os exames: "É, seu Itamar. Parece que Deus ouviu mesmo suas orações." Ele disse que papai, preso às ferragens, orava o tempo todo. E eu creio que foi Deus quem o livrou. Hoje pela manhã, o moço do seguro foi lá para resolver as burocracias do carro e, quando ligou, disse: "Quem vê esse carro não diz nunca que saiu uma pessoa viva de dentro dele." Mas, é como diz a linda palavra de Deus: "Os anjos do Senhor acampam-se ao redor dos que O temem e os livram."
Papai estar vivo é um milagre de Deus e é livramento pra contar pra sempre.
Obrigada, Senhor, muito obrigada!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Só pode ser piada

Renan Calheiros e Fernando Collor defendendo Sarney ontem. É vida real?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ando dando férias à revista Veja. As opiniões são tão repetitivas e consequentemente previsíveis, que deixei-a de lado. Hoje, porém, calhou de estar a tal revista aqui em casa e eu a li. Falava a seção internacional sobre Teerã. Para mim, que pensava que o caso de Antígona seria passado grego remoto, foi a maior supresa ver que as forças armadas se posicionaram em frente a um cemitério para impedir que as pessoas chorassem seus mortos. As expressões na foto que ilustrava a reportagem eram de dor, de angústia e de indignação. Os cidadãos iranianos há muito, temos visto, perderam a liberdade de expressão, o direito de ir-e-vir, mas agora privavam-lhes do pulsar humano - não podiam mais nem sofrer. E qual não foi o meu espanto ao ler que, como o Tistu que eu tanto lia quando pequena, eles estendiam rosas às pistolas! Imagino os soldados armados e, frente a eles, as rosas e as lágrimas de quem não pode nem chorar. Queria poder aplaudir cada uma das rosas. Sua singeleza me constrange.

sábado, 25 de julho de 2009

Nem sempre

Sento-me, mas ao contrário dos revoltos, não dou gritos nem esmurro por libertação. Desamarro as cordas com a delicadeza dos adjetivos, solto os nós com a imperatividade doce dos verbos e digo-os a maneira como o devem fazer com os advérbios, que são absoluta, completa e lindamente prestativos. Embora sinta o desentrelaçar, nada vejo. Não vejo a liberdade, mas sinto-a de um modo inefável. Meus pensamentos se soltam em versos, e as palavras que me prendiam, pelo contrário, deixam-me livre. Quão complexa é a transformação! E ao mesmo tempo, quão necessária e simplória!
Releio-me, procurando, nas entrelinhas, entender. Procuro em cada espaço, em cada ponto, a leveza ou o abismo que eu quis imprimir. Mais difícil que ler é saber o que significa cada letra, pontuação e figura que formo, porque não se pode lembrar de tudo. Há pouquíssimos que compreendem a minha poesia - e eu nem sempre sou um deles.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Portitout

Por ti, qualquer coisa. Esforço-me todos os dias, tento brilhar o teu brilho, largo tudo. Pelo som da tua voz, movo montanhas, vou até depois da minha imaginação. Por ti, rompo as barreiras que sempre quis manter. Por ti, mudo as minhas prioridades, meus pensamentos e filosofias. Por ti, canto todos os dias. Por ti, daria tudo o que tenho, só para que sejas em mim. Por ti, deixaria sonhos, glória e sucesso. Por mim, deste a vida.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Meus desejos!

Desejo que você faça sempre o seu melhor, mas que saiba o momento certo de parar, porque, muitas vezes, é nas paradas que há vida de verdade. Desejo que você se divirta o quanto puder e que lembre sempre o memento mori, não há por que levar tudo tão a sério. Desejo que você sinta o calor que vem de toda a Criação e que veja como é bom fazer parte dela. Desejo que, a cada dia, você agradeça o presente de estar vivo e que você adquira a consciência de quão preciosa é cada respiração. Desejo que você ame e que, se se machucar, se recupere logo. Desejo que você não despreze os seus erros, mas use-os como degraus para alçar vôos mais altos. As molas mais comprimidas dão os maiores impulsos. Desejo que você não odeie. Quando preciso for, que fique triste ou se decepcione, mas não odeie ninguém. Desejo que você aprenda a profundidade do perdão e que possa praticá-lo. Desejo que esteja completamente ligado a Deus e que Ele viva dentro de você. Desejo que o seu sorriso contagie todo mundo à sua volta e que você seja um canal de tudo de bom. Desejo que você faça do mundo um lugar melhor. E, para isso, desejo que, se preciso, use todos os clichês do mundo. O importante é ser e fazer feliz. E, o que não vale a pena, deixar correr, não volta.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Je verai, je verai

Traduziram o "Ah, tu veras, tu veras" para "Ah, que será, que será?" É quase uma paródia! Que será? Verei?
Ah, eu verei, viverei. E amo, vivo e danço ao som francofônico.
:)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Respeito

Se tem uma coisa que sinto por mamãe, é respeito. Amo-a muito, mas há momentos em que suas decisões me irritam, como acontece com todos os filhos. Mesmo nesses momentos, respeito-a. Mainha sempre me deixou o mais livre possível para as minhas escolhas, mas também segura minhas rédeas quando as idéias são muito incoerentes. Hoje mesmo, agorinha, acabei de pedir-lhe algo que queria muito. Disse-me não e pediu-me que não a questionasse novamente sobre isso. Eu normalmente arguiria de volta, mas senti o zelo implícito na sua atitude. E, mesmo não gostando do que ouvi, respeitei, porque sei que quer o melhor para mim. Talvez ainda não seja o tempo para o que eu quis. Sendo ou não, acato a decisão de mamãe com reverência. Seu cuidado e sua dedicação são transparentes. Amo-a com o amor (depois do lindo Ágape, é claro), com o amor mais verdadeiro que possa existir.
Minha mãe é lanterna que me orienta nos caminhos do Senhor, e Ele fala com ela sobre mim, não tenho a menor dúvida. Como dizia Machado, "o que tiver de ser seu, às mãos lhe há de ir." E as minhas mãos têm se enchido das coisas mais inesperadas, praise the Lord!

sábado, 11 de julho de 2009

Foi assim, simples, tão simples. É muito vaga a lembrança que tenho do seu passado, e muitas vezes julguei ilógicas as suas decisões de dedicar-se à filosofia ainda tão jovem. Deixou a filosofia pela maior loucura deste mundo, mas eu nem liguei. Quão indiferente sempre fui! E semana passada, de repente, aparece-me de novo. E, sem conversar comigo, ensina-me sobre a preciosidade da obediência. Minha euforia inicial se esvai, ficam a mensagem e a oração. Espero e obedeço.
Só Deus está no controle de tudo.
(Solus Christus)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Rechonchudas menores

Agitam-se em mim
Tão belo! - As palavras
Num lindo motim
- São franco-escravas

Reviram-se todas
Pertinho daqui
E gritam, de bobas
Também eu as vi

Eu digo-lhes sim
Em meio às revoltas
Mas fogem de mim
Rebeldes, são soltas

E as minhas palavras
Não mortas - paradas
Insistem, assolam
As minhas passadas
(Ontem, por volta das nove)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um Abraço!

Meus queridinhos,
Na hora em que as palavras parecem vento, que a gente ouve mas nem percebe, e o consolo não pode vir de mãos humanas, descobri eu quanto vale um abraço. Eu, com meus trejeitos de durona, perco-os todos entre os braços amigos. Aí há lugar pra chorar, rir, ou simplesmente respirar. Em um abraço há férias da zoada externa, há partilha de alegria e sossego. Abraços podem causar uma revolução. E se vocês estivessem do meu lado aqui agora, poderiam sentir esse abraço que eu tento inutilmente colocar em palavras.
Aquele Abraço,
MH

“Oh, I love hugging. I wish I was an octopus, so I could hug 10 people at a time!”
(Drew Barrymore)

sábado, 27 de junho de 2009

Nem manquer nem miss

Ô idiotismo difícil, a tal da saudade! Diz Maria Valéria Rezende, no Vôo da Guará Vermelha, que quem tem saudades tem na vida uma riqueza, porque tem coisas boas de lembrar. E é mesmo. Temos saudades da infância, quando as nossas maiores preocupações eram comprar lancheiras da barbie, comprar melissas ou ganhar o salto em distância. Temos saudades dos amigos que não vemos há tempos. Temos saudades de viagens, de dias, e, às vezes, de momentos, que volvem à nossa mente querendo ser revividos. Temos saudades de uns amores idos, e de outros que nunca aconteceram. Temos saudades do que nos fez bem, mas deixou de fazer parte do nosso cotidiano. É bom ter saudades, porque quase sempre se pode matá-las. E que alegria imensa, voltar a ser criança, brincando em uma cama elástica, ou receber a ligação inesperada do amor que já fazia tanto tempo, ou encontrar os amigos que não vemos mais todos os dias. Quão doce é voltar a um lugar de que gostamos muito, ou encontrar, de novo, os momentos que achávamos nunca se repetiriam. Eu só não gosto quando a saudade chega e se aloja no coraçãozinho da gente, e fica para sempre. Ficam só lembranças, mas não dá para matar a danada da saudade. É aí que perde a graça. E, para mim, que não tenho os dons simbolistas, perde o poema.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

To the source

É como disse o Estranho. Um jogo de xadrez, e de repente Deus tira uma peça dizendo: pronto, essa já cumpriu o seu papel. E todas as outras peças ficam atônitas e se perguntando o porquê e quando será a vez delas também. Sem aviso e com um propósito que, ao mesmo tempo em que é ininteligível, é a única coisa que faz sentido no mundo. Vida inclui morte. Para mim, que amo os paradoxos e sempre me divirto encaixando-os em linhas e rimas, este é o menos poético. A não ser quando penso que morrer é voltar à Fonte de amor. Acreditar faz minha mente descansar, mas a saudade provoca um estardalhaço nos meus sentimentos.

~

"And to die means that I, a particle of love, shall return to the general and eternal source."
(Tolstói)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Zequinha =/

De repente, não mais que de repente. Não tem mais quem use aquela correntona e diga que é muito bonita, nem quem diga aquelas besteiras únicas. Ninguém vai chegar com um som de playboy na Universidade, nem comer coxinha com a gente no intervalo das aulas. Não, não vai ter quem chegue e diga: "Vééééi, eu carreguei 240 ontem na academia". Não vai ter mais o engraçadinho, o que diz: "Valeu, cara". Não vai ter quem em tão pouco tempo se tornou amigo. Não vai ter quem, antes das provas diga: "Mermão, relaxaííí." E eu não consigo acreditar. A sensação que eu tenho é que segunda-feira, quando eu chegar na Universidade, ele vai estar lá, antes de todo mundo, dando bom dia e comentando as reportagens de Antropologia. E na hora do intervalo, eu volto até a tomar refrigerante, só pra pedir uma "KF", que é a cara dele.
Que confusão de sentimentos que tomam conta da minha cabecinha. Parece que é mentira, mas quando eu acredito que é verdade, desatino a chorar, e depois penso de novo que é mentira. E dá uma agonia, uma sensação estranha.
E, acontecendo tão pertinho de mim, eu não consigo deixar de pensar que um minuto depois da morte, já encaramos nosso destino por toda a eternidade. A minha esperança é que o meu amigo tenha encontrado salvação. Peço constantemente que o Senhor console a sua família e lhes dê as forças de que precisam.
Acima de todos os sentimentos e pensamentos que me enchem, contudo, predomina a certeza de que Deus está no controle de tudo, e de que Ele sabe das coisas.
E a minha oração - e isso é mais que proselitismo, é real - é que você, você mesmo, encontre o lindo amor de Deus. E que o aceite no seu coração; assim você saberá que, um minuto depois da morte, estará com Ele.
Que Deus use tudo à nossa volta para nos fazer enxegar o quanto nos quer perto dEle.

~

Que saudade, meu amiguinho, eu vou ter! Nem consigo dizer!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Na semana que vem

Um dos primeiros ditados que eu aprendi em inglês foi o tal do 'you reap what you sow'. Como estudo a tal língua desde que aprendi a escrever, parecia-me muito óbvio e bobo fazer disso um ditado. É claro que eu só podia pensar, então, nas plantinhas, mas pensando na vida, aliás, observando a vida, vejo como é tiro e queda. Só colhemos o que plantamos. Diz o meu manual de instruções que quem paga o bem com mal sempre terá o mal na sua casa. E eu vejo. Ah, como vejo! É a lei de que fala Anitelli quando canta, tão lindamente, 'e tudo o que eu criar pra mim vai me abraçar de novo na semana que vem'. Plantando-se amor, bem, paz, é o que se tem de volta. Plantando-se ingratidão e maldade, é o que se tem de volta também. Plantando-se apenas o que passa, só se encontrará finitude. Não se pode colher algo diferente do que se plantou. Nem a moderníssima genética o afirma. A mudança vem do renascer, não do desentortar. Para colher bons frutos é preciso aniquilar a planta inútil, deixar de lado, esquecer. É preciso replantar-se, não com todas as boas intenções (tão falhos que somos todos nós!), mas com o Amor que vai além de todo entendimento. Acima de tudo, é preciso entender e entregar-se humildemente. Ser nova criatura.

~

"Deus não pode nos dar felicidade e paz separadas dEle, porque não se pode encontrar. Não existe algo assim."
(C.S. Lewis, traduzi livremente)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Afora Casablanca,

Sigo. Não que não tenha o que olhar no passado, nem que seja filosofia (leia-se auto-ajuda). Sigo porque é o que se tem de fazer. Penso na limitação do tempo, e nem sei se tenho tempo para isso. Penso nos amores, nos tempos idos, fantasio e planejo, e nem sei se vai dar. Talvez eu tenha mais alguns minutos de vida, talvez anos, décadas. Como saber? Penso em tudo isso. Na finitude minha, no esvanecer meu. Mas, ao pensar, sigo, quiçá automaticamente: é o que sempre fiz. Também leio. Seguindo e lendo, encontro vida. E vida, descubro eu - e sempre me impressiono, boba que sou - é fascínio. Para quem não volve, até os milésimos são filmes coloridos. Siga. Não se contente com os tragicômicos em preto-e-branco.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

HIGHways!

Ela tinha certeza da justeza de suas escolhas. Fizera-as à luz da Luz, não podiam ser equivocadas, não devia questioná-las, nem na escuridão, como dizia Edman. Mas, de repente, tudo aquilo parecia incerto. Parecia errado, torto, difícil. E as palavras eram incompreensíveis para qualquer idioma. Eram pensamentos incertos e esdrúxulos, de modo que ela não tinha mais certeza, não sabia se estava fazendo o certo. Em meio a tanta dúvida, chegou-lhe a boa notícia. Chegou-lhe a notícia de que os pássaros revoavam na mesma direção que ela e que os barcos seguiam para aquele porto de suas memórias, o porto que lhe fora prometido. Ela, sem acreditar que tudo aquilo estava mesmo acontecendo, pasmou, porque nunca nem ousara sonhar com aquilo. Sonhava em mudar a direção, mas não com essa extraordinariedade. E agora podia prosseguir, tranqüila, porque tudo estava confirmado. Assim, plena, lembrava-se de quão tolo era duvidar, e de como sempre fazia isso. Contudo, lembrava-se também de quão profundo é o amor que regia a sua vida. O profundo amor de Deus, que se traduzia em riso, pulo e gratidão. Sentindo-o, era serena. Não tinha como não ser.

"Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos..."
(De Isaías 55)

Jump a little higher!
(De Accidentally in Love)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Live and let Live

Lucy Gordon e David Carradine. Por quê? Tinham tudo. Ela, no seu apartamento em Paris; ele, em um hotel de luxo. Que ínterim pequeno entre os dois! Deitados, por certo, viram o sentido da vida esvair-se pelas janelas e tombar nas ruas, acabando. Perderam rumo, sentido, esperança.
Não quero ter tudo o que tinham. Quero, mais que tudo, ter o esvaziamento que me enche. O deixar tudo que me traz tudo. Quero o intangível, o real. O Deus cujo amor desconhece anomia.
Viva. Come what may, viva!

domingo, 31 de maio de 2009

Saltos Imortais

Hoje pela manhã fomos todos à piscina. Brincamos um bocado, e durante as palhaçadas, papai propôs que Itamarzinho subisse no seu ombro, não sentado, mas em pé, para pular. Itamarzinho, afoito que só ele, o fez várias vezes. Depois, papai olhou para mim e disse: sua vez. Morri de rir. Como é que ele esperava que eu, deste tamanho, ficasse em pé no ombro dele para pular? Ele insistiu e eu vi que falava sério. Pois bem, tentei. Quando eu subi, não fiquei em pé. Tive medo. E ele me dizia que estava me segurando, mas o meu medo falou mais alto e travou-me. Enfim, continuamos brincando e, quando eu fui ensinar Itamarzinho a dar a virada de crawl, bati o queixo no azulejo e me cortei (aí percebi que desaprendi a tal virada).
Cortei-me onde eu encontrava segurança, enquanto neguei me aventurar com o que papai dizia ser tão certo.
E não pude evitar o paralelo com Deus. Quantas e quantas vezes Ele nos convida a pulos altos, a vôos mirabolantes, que jamais nos machucariam, e nós preferimos ficar na nossa zona de segurança aparente, onde sempre acabamos nos machucando. Deus tem planos perfeitos e altos para nós, e o cumprimento deles exige que nós subamos em Seus ombros e fiquemos de pé, confiando nas Suas mãos que nos sustentam e impulsionam para pulos inesquecíveis.
Eu me recuso a me cortar nas piscinas da vida. Quero, antes, os saltos imortais do Senhor.


[Obrigada, Papai do Céu!]

sexta-feira, 29 de maio de 2009

The Mines

Penso que os piores poemas
São os feitos com sentimento
Aqueles que mostram apenas
Penas, amor, sofrimento

É diverso o meu motivo,
Emotivo

Exterior, vário, válido
Diverte-me vê-lo, interpretá-lo
Arriscar-me ao lindo
E ousar, fazer, intentá-lo

É livre e contado
Branco e rimado,
Como deve ser a vida
A nossa vida

(Traz-me riso a lembrança)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Kiai

Deus, Deus, Deus. O chamado, que é primeiro lugar. Provas, cadeira que é pré-requisito para o resto do curso, 500 páginas, mais outras tantas. Je parle, I speak, yo hablo. Meu coração, onde as missões batem com mais força do que eu poderia explicar. As 48h que eu queria, não para descansar, mas para fazer o dobro. As incertezas adolescentes e a convicção do pedacinho de maturidade que desponta. Colocar o coração em tudo, deixando-o sempre em Deus. Ficar no centro da Sua vontade. Confiar. Fluir.
Mais dez, sempre :)

sábado, 9 de maio de 2009

Eu vivo dizendo, repetidas vezes, que Jesus é o melhor presente que alguém pode ganhar. De fato, receber a salvação e o amor contagiante de Deus é inefável, e há muitas maneiras de conhecê-lo. Uns apenas lêem a bíblia, outros escutam canções, mas a maioria das pessoas precisa ouvir de outros. Eu ouvi da minha mãe. Ela carinhosa e obstinadamente, apesar de todas as minhas objeções, me mostrou onde estava o Presente que eu só precisava receber. Minha mãe é mulher forte, lutadora, decidida. Minha mãe é inteligente e só anda toda arrumada. Minha mãe faz tudo, até uma tapioca, galhardamente. Minha mãe é amiga, é "brother" e sabe falar sério também. Minha mãe me protege no abracinho dela, cuida de mim, mas também sabe me ensinar. E hoje eu escrevo só para externar a minha admiração e gratidão por tudo o que ela fez e faz por mim.
Mamãe, você é a minha heroína! :)
Você é linda!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Equilibre-se

Tenho temperamentos oscilantes. Há dias em que só quero usar vestidos, outros que são de calças; uns de biquini, outros de maiô; uns de salto, outros de havaianas. Viajo de pueril a madura, de forte a quem precisa de proteção, de durona a brincalhona, de séria a boba. Sou responsável e chuto o balde, de vem em quando, gosto de dançar e de lutar, de cantar e de ouvir. Amo a chuva e o Sol, andar e nadar, limão e brigadeiro.
Às vezes me olho no espelho e penso que sou ímpar, outras penso que me pareço bastante com toda a humanidade. De fato, somos todos igualmente diferentes e é-nos mister tudo isso. O equilíbrio, não só da nossa raça, mas o equilíbrio interno de cada um de nós deve depender do que há de contraditório nas nossas mentes.
Ser diferente, até de si mesmo, é saudável. É preciso mudar, equilibrar-se, sempre.
E é preciso, também, conhecer onde as nossas diferenças convivem em perfeita harmonia: Deus, o ponto de equilíbrio.
:)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Chinelinha de Cinderela

Enquanto esperava Papai ontem, na porta da faculdade, passou à minha frente um casal magro e pobre, tão pobre que tinha que dividir um guarda-chuva infantil em meio a uma chuvinha não muito fraca. Mas não vinham ranzinzos nem reclamando de nada. Ela apertava na sua mão uns trocados, que deveriam usar para comprar o pão, e ele apertava a ela mesma nos seus braços. Seus chinelos velhinhos, já pretos de tão usados, vinham molhados na chuva, e a havaiana dela escorregou. Ele, em um gesto de heroísmo, deixou-a debaixo da sombrinha enquanto aventurava-se pela chuva em busca da chinelinha, que colocou no pé da sua amada como se fosse o sapatinho de uma princesa. E ela, como recompensa, o abraçou. E ficaram lá, os dois, abraçados, ainda ao meu alcance de vista, segurando o guarda-chuva apertado entre seus corpos pequenos. Depois continuaram andando, com um encanto que não se acabaria nem depois de mil batidas de sino, com amor. Há príncipes e princesas que moram nas ruas.

domingo, 3 de maio de 2009

Não cantes o dia de ontem, não creias nele. Não cantes os amores passados, a não ser para contar suas graças. Não cantes os amigos que falharam, nem os dias tristes. Não cantes o que te faltou.
Canta o Sol de todo dia e o vento, tão gentil. Canta o amor que te envolve e te move a vida. Canta a paz que abraça o teu coração. Canta os amigos que tiveste em todo tempo. Canta o futuro e o brilho que ele traz. Canta o presente, que é mesmo dádiva.
E canta o amor. Canta sempre o amor, porque é digno cantar sobre o que nos completa.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Lula para Presidente... De Marte!

Depois de censurar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em uma crítica ao seu governo e dizer que o russo Putin ficou "putin" com o Brasil, naquele caso da Perdigão, Lula, o presidente de quem eu não me orgulho nem um pouco chamar de meu, disse que a crise mundial, que abalou todas as estruturas dos Estados Unidos, não afetaria o nosso país. De fato, não deve afetar o bolso dele e de quem vive da politicagem brasiliense.
Mas esses são fatos antigos. A mais nova do nosso exímio representante foi dizer, hoje mesmo, que não há perigo de a gripe suína do México afetar o Brasil. Essa eu não previa. Imagino eu, no meu limitadíssimo conhecimento de medidas de prevenção, quais as sugestões desse José Manoel (Zé Mané, para os brasileiros) para que não haja nenhum tipo de contaminação. Quem sabe parar com o fluxo migratório entre Brasil, México e sul dos Estados Unidos? Ou talvez todo mundo usar máscaras em Guarulhos? Examinar todos os vôos provenientes da América Latina?
A cada dia, me parece mais que esqueceram de dizer a Lula que os seus tempos de luta nos sindicatos com cartas datilografadas e dedos cortados em máquinas já se foi.
Ele, que enche a boca para dizer que não tem diploma, deveria, ao menos, ler um jornal para saber que um espirro em qualquer potência provoca uma verdadeira avalanche em qualquer outro país.
Mas, se não há nada a se fazer, esperemos pois que o nosso antídoto Lula funcione: falar, falar, falar sem saber.
E esperemos que o próximo tome e toque o Governo com a mão direita, porque de pseudo-socialistas estúpidos já tivemos o suficiente.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Abriremos as portas e sairemos às ruas. Todos, no mesmo dia, faremos greve. Pelos que morrem de fome, pela violência, pelo descaso. Gritaremos, para quem quiser ouvir, sobre as falhas das instituições públicas e a corrupção dos políticos. Falaremos da guerra e do racismo. Revoltar-nos-emos. Cantaremos as músicas de protesto, pintaremos os rostos, usaremos branco. Andaremos. Ou marcharemos. Cumpriremos nossa missão. Externaremos toda a insatisfação que há em nós.
Em outro dia, sairemos de novo. Protestaremos contra a falta de humanidade das pessoas. Gritaremos contra os que não sorriem nem riem, contra os que se escondem atrás de semblantes sombrios. Falaremos do desamor. Faremos greve pelos que morrem de tristeza, de depressão, pelos que não celebram o nascer e o pôr-do-sol. Revoltar-nos-emos. Cantaremos as músicas de amor, vestiremos as roupas mais coloridas que tivermos e soltaremos beijos ao vento. Correremos. Ou dançaremos.
E eu sonho quotidianamente que, de fato, nesse dia, cumpriremos também o nosso objetivo e poderemos externar todos a nossa essência repleta de festa.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Diário de Selva :)

No feriado de ontem, o ministério de esportes da minha igreja nos propôs uma espécie de day out. Fomos todos à granja de Lucas, confiantes na programação dos meninos. Pela manhã, eu tentei jogar vôlei e futebol (canelabol, se preferir). Conversamos muito e rimos - aquele ambiente agradabilíssimo do povo da igreja. Eu sinto, cada vez mais, que são a minha segunda família. Sinto-me a vontade para dividir a minha vida com eles - e são muito engraçados também, devo ressaltar.
Contudo, a melhor parte do dia foi, indubitavel e iquestionavelmente, a corrida orientada que fizemos. De uma maneira muito inteligente, o próprio organizador da brincadeira refletiu, ao fim, que sem a nossa bússola não teríamos chegado a lugar algum. O nosso grupo se perdeu, tomamaos a bifurcação errada da trilha (a que não tinha muita lama), e retornamos para o lugar certo, de modo a tomar o caminho certo. Na hora, foi o nosso reflexo automático: era o mais sensato a se fazer.
Entetanto, nas nossas vidas, muitas vezes relutamos em continuar no caminho errado, só que quanto mais se anda, mais longe se fica do plano original. É mister, portanto, adquirir a naturalidade de voltar. Burrice é continuar na trilha errada. Mesmo sendo mais difícil e às vezes com muita lama, o caminho certo é o único que pode nos dar complitude e satisfação.
Andar no plano perfeito de Deus para as nossas vidas pode, por vezes, parecer espinhoso ou difícil, mas é o melhor. E há sempre alguém em quem se segurar. Há sempre amigos, irmãos.
Em face às bifurcações, o Pastor Kerly lembrou, muito sabiamente: "Seja a Paz de Cristo o árbitro em vosso coração."
~

"É preciso paz, pra poder sorrir."
(Oswaldo)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Canta!

A menina cantava sozinha. A felicidade era muito amiga dela, vinha todos os dias, batia à sua porta e lhe punha na boca as músicas e as gargalhadas, que eu podia ouvir de muito longe. Eu conversava com ela, de vez em quando, mas não era como se ela olhasse nos meus olhos. Na verdade, os seus olhos estavam abertos para as pessoas, como túneis, que ninguém sabia onde iam dar. Ela, sem saber - tinha tão pouca cultura, que nem o livro das Miss Universo lera - citava Exupéry, dizendo que os olhos são cegos e, também inconscientemente, ela própria parecia enxergar com o coração.
Sua voz não era das mais belas. Aliás, era feia, para ser sincera. Mas quem a ouvisse queria ouvi-la para sempre, porque a sua simples presença irradiava alegria. Ela era feliz, e eu procurava de onde vinha tudo isso, até que ela, um dia, respondendo à pergunta que eu não sabia como fazer, disse, ignorando Tolstói, dessa vez: 'Se você quer ser feliz, seja!'
Ela sabia que era feliz, e quem o sabe, pode-se dizer, o é verdadeiramente. A prova, sem dúvida a mais indelével, é que ela cantava só por cantar.

~

"Ah, canta, canta sem razão!"
(Pessoa)

terça-feira, 14 de abril de 2009

My Pages

Agostinho disse que a vida é um grande livro, e aquele que nunca sai de casa lê apenas uma página. De fato, não apenas pelos vários lugares que conhecemos, mas também pelas histórias que vivemos, eu concordaria com o célebre teólogo.Todos nós temos tantas histórias pra contar! Há páginas das nossas vidas que devem ser viradas logo, sem pensar muito, sem muito remorso, porque não nos faz bem lê-las de novo. Há outras que são muito insignificantes. Há as mágicas, em que os nossos sonhos se realizaram, ou em que nos sentimos em um conto de fadas. Há as profundas, a que constantemente retornamos, tentando compreender as entrelinhas das coisas bonitas que vimos e das rosas tão vermelhas. E há aquelas em que queremos ficar para sempre. Nessas nos demoramos mais um pouco, vivendo toda a sua beleza; suas histórias prometem continuar por mais capítulos e, quem sabe, até o happily ever after.
Aquele que nunca ama também lê apenas uma página, e muito mal lida.
A vida é uma obra cujas páginas valem ser lidas todas: é bela, pelo menos. E cômica.

domingo, 12 de abril de 2009

Bem Pertinho

No Antigo Testamento, as pessoas, quando pecavam, sacrificavam cordeiros sem mácula para se purificarem. O livro de Hebreus explica que, sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados. Alguém tinha que morrer pelos pecados das pessoas.

Além disso, o Santo dos Santos era um lugar exclusivo para o Sumo Sacerdote (sem falar nas divisões do templo entre judeus e gentios), dividido do resto do templo por um véu, e o Sumo Sacerdote entrava com uma cordinha e um sino amarrados na perna, porque se tivesse algum pecado, morreria, já que o Santo dos Santos era a presença de Deus; e se morresse, tinha que ser puxado - ninguém mais podia adentrar no lugar santíssimo.

O nosso lindo Deus, em seu infinito amor, mandou o Seu filhote para ser o nosso cordeiro. O sangue de que precisamos já foi derramado, do cordeiro mais puro que já existiu. E quando a Sua morte foi consumada, a Bíblia diz, o véu do templo se rasgou, de alto a baixo.

Páscoa é lembrar-se da maravilha que é ter o Santo dos Santos dentro do nosso próprio coração, porque alguém nos amou muito. É ter a liberdade de estar na presença de Deus e adorá-lo sem o intermédio de ninguém.

Mais do que tudo, é saber que Jesus ressuscitou e vive, bem pertinho da gente. Dentro da gente.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

I, mature, accept you, mature.

Para os man's men ou tomboy girls que me lêem, eu gentilmente sugiro que pulem este post, que se trata, basicamente, de assuntos femininíssimos. Os mais femininos possíveis.
Primeiro, eu gostaria de esclarecer a minha própria posição a respeito dessa tão polêmica e, muitas vezes mal vista, feminilidade. Quero deixar bem claro que não me refiro às girly girls que só usam cor-de-rosa (embora eu as ache até engraçadinhas, devo admitir). Aliás, nem sei quem teve essa idéia estúpida de atrelar feminilidade às atitudes pueris de certas mulheres. De qualquer forma, quando eu usar o adjetivo 'feminino', é porque me refiro às qualidades de bravura das mulheres. Não uma bravura máscula, mas a nossa própria, sabe? Quase sempre acompanhada de lip gloss ou esmalte. Não somos Yetis.
Mas, voltando aos meus assuntos femininos, quero falar sobre esposas. Sei que hoje em dia muita gente não quer mais se casar, porque 'o casamento é só um contrato' e tudo mais. Bom, a esses convictos, peço que me desculpem a bobagem das considerações que estou prestes a fazer, mesmo que elas me pareçam as mais razoáveis.
A própria palavra de Deus exalta o papel das esposas, dizendo, por exemplo, que 'quem acha uma boa esposa acha um tesouro' ou 'seu valor excede o de finas jóias'. E se o próprio Deus o diz, eu só tenho que concordar. E acrescento que admiro as mulheres que se casam e, pra completar, têm filhos. É muito amor e muito muito amor.
Ter o nível de amor aos outros tão alto quanto o de amor-próprio sem deixar que este se esvaia é o maior desafio de todos. Consegui-lo, sim, é ser feminina. E será que só vem com a idade?!
Ah, Shakespeare estava muito errado. Ele devia MESMO ter dito: 'Força, teu nome é mulher'.
Mas ele nunca teve uma.
Muito masculino?
Não, eu não o diria.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Twniverses.

When I think of the Universe, I have three flashes. One of them, and I have to be truthful when I write, is that song of The Big Bang Theory: 'our whole universe was in a hot dense state...'. The second one, although not as silly, is way more interesting: God's creation it is.
Also I can't help the thought that we ourselves are tiny universes hanging around the Universe itself. To back this up, I would say each of us have our own stars and comets, which explode whenever our happiness tells them to. We also have the gift to see the Sun, even if it's dark, 'cause the Sun is inside us anyway, isn't it?
What's more, things inside us are always moving around, and even though sometimes we find it moving in a very strange way, it is all certainly going the way it should. That's scientifically proved. Or spiritually, if you will.
We all have our own thoughts, our own hopes, our own fears and our own laughter. Matching that with someone else's universe takes a lot of hard work, but might be worth the risk, I guess.
Being unique in twos sounds better or funnier. And it should be always different, because universes are never the same. That brings me back to the second point: I am oh-so fond of God's creation and creativity!
You bet I am.

sexta-feira, 27 de março de 2009

'Gosto muito de fotos, mas a limitação delas me inquieta, muitas vezes. O pedaço de natureza que vejo aqui, no centro de prédios comerciais vultosos, e as crianças que vejo correndo entre os sérios empresários de paletó ilustram maravilhosamente o que eu gosto em Londres. Gosto da mistura, do sincretismo, do diferente e do igual. Gosto das pessoas notadamente ricas que vêm para o meio de um parque almoçar um sanduíche do McDonald's, só pra ver os pássaros em revoada sobre o lago. Gosto do verde daqui. Gosto da cultura, da educação, do sotaque. Gosto da pontualidade, da precisão, do vento. Gosto do cheiro (não o do Tâmisa, é claro) e do Sol, que tantas vezes se esconde, mas, quando vem, é todo charmoso. Gosto, especialmente, do seu reflexo na água, como o que eu vejo neste exato momento. Daqui, do meu banquinho, diante desta visão esplendorosa, eu sinto a minha pequenez diante da imensidão de Deus. E sinto gratidão. E deslumbre. Ouço o som do vento e o canto dos pássaros, que são singularmente lindos, e rio de graça. E não, não preciso de mais nada. Na intonação de Caetano, movida por oposta motivação, eu só quero cantar: London, London.'

(Regent's Park, Londres, março/2009)

terça-feira, 24 de março de 2009

Nos dedos das mãos

Amigo vale tudo. Tudo mesmo. Vale irmão, namorado, carro ou um milhão. Tem amigo desajeitado, que não sabe direito dizer 'eu te amo', mas consegue lhe dar um carão dizendo: 'o problema é que eu sempre vou estar do seu lado'. Tem amigo complicado, que sempre dá um abraço e fica de boa. Tem amigo de sempre, aquele que sempre foi, sempre é e sempre vai ser, não tem jeito. Tem amigo de rir muito, que também é o amigo que suporta o choro. Tem amigo de quem a gente tem saudade e só sente quando vê. Tem amigo que nunca muda, mesmo depois de dez anos. Tem amigos que vêm em pacote completo, é preciso tê-los juntos. Tem amigo que mata a gente de rir, mesmo quando a gente não está pra ninguém. Tem amigo que era de escola e vira pra vida toda.
E amigo é sempre amigo, sabe? Se você fizer a maior burrada do Brasil ou conseguir o que você sempre quis, eles sempre estão lá, não importa. Amizade é um tipo de casamento enquanto você não casa. "Na saúde e na doença, até que a morte nos separe." Só que amigo, eu tenho essa impressão, nem morte separa.
Amigos mesmo, daqueles que basta os dedos das mãos pra contá-los.

"O homem que tem muitos amigos os tem para a sua ruína, mas há amigo mais chegado que um irmão."
(Salomão, nos Provérbios)

segunda-feira, 23 de março de 2009

RealBeauty

Eu tenho esta figura, na minha cabeça, do dia em que ele devolveu um dinheiro que havia achado no chão. Eu sempre soube que seria um adulto excepcional, soube também que sofreria um bocado. Encontrei-me com ele, dez anos mais velho, um dia desses. Trazia no rosto aqueles traços peculiares aos homens dignos e, apesar de ser só um pouquinho mais velho do que eu, tinha a autoridade de um homem. Mas não perdera a graça. Morria de rir de tudo, e aquele sorriso contrastava com a sua maturidade, num entrelaçado de gestos que, incrivelmente, eu sempre soube que admiraria. Como eu previra, ele tinha mesmo sofrido muito. Ano passado, perdera seu irmãozinho (de quem, é claro, eu só lembrava o choro de bebê), ao tentar dialogar com um assaltante, porque não tinha dinheiro para dar-lhe. E sustenta a tese de que o assaltante era uma boa pessoa, ele vira nos seus olhos. Havia muita bondade em seus olhos.
Depois de conversar muito, despedimo-nos, com o aperto de mão que inventamos na segunda série, mas ainda nos lembrávamos (incrível mesmo!), e ele partiu, não antes de explodir o sorriso de sempre, dizendo: há mais beleza do que se pensa, neném.

sábado, 21 de março de 2009

, e tempo de colher o que se plantou;

Hoje, no culto, cantaram (como o costumam fazer há uns quatro meses) a música de Zaqueu. Lembro-me muito bem dos cultos em dezembro passado e dos dias da jornada de oração em janeiro em que eu cantei tão fervorosamente a canção, e lembro-me da veemência com que dizia: sou pequena e fraca, mas Ele é Deus, quando as únicas coisas que eu sentia eram a pequenez e a fraqueza. Não posso também me esquecer das lágrimas que derramei na mesma melodia. Havia mágoa, ansiedade, medo, planos, tudo misturado, e eu sou tão grata a Deus por ter mantido a minha fé. Na verdade, eu, como aqueles discípulos, não tinha mesmo o que fazer nem pra onde ir, porque só Ele tem as palavras de vida eterna. E, como eu dizia, hoje no culto cantou-se a música mais uma vez. E eu cantei também, com riso e alegria. Com júbilo e pulos, eu diria, também. De fato, apesar de tão minúscula, sei que sou um alvo constante da graça de Deus. E creio, pela minha própria vida creio, que Ele só faz o que é melhor para mim. Depois de tudo curado, os planos de Deus fazem o maior sentido do mundo. E eu Lhe sou grata, ah, como sou!

"Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão." (Salmos 126:5)

sábado, 14 de março de 2009

Diario de Bordo VIII

Eu achando que teria um ultumo dia tranquilissimo em Londres! De manha, fui pra Notting Hill, ver a feira de antiguidades. Comi o waffle mais gostoso da minha vidaaa! De chocolate com morango. Depois, a tarde, assisti a Chicago, no Cambridge Theatre. In between, fui em Mayfair, olhar as lojinhas baratas da Diesel e American Apparel. Freddie fez camarões e escalopes de salmão pra mim =D
Domingo de manhã, fui pra Hillsong assistir ao testemunho de J Emmanuel, um cara do Sudão que é missionário, agora. Muito lindo lindo mesmo.
Bom, depois de muitas horas de vôos, presepadas nos aviões e fugir de aeromoças, estou em casa, o melhor lugar do mundo inteiro.
=D

sexta-feira, 13 de março de 2009

Diario de Bordo VII

Ai, ai... Ta acabaaando! Ontem fui fazer minhas ultimas compras, passear na London Eye de novo, sentar la um pouquinho so pra sentir o ventinho agradavel de 4 graus celsius tomando um chocolate quente com chantilly, e depois dancar com os mexicanos (eu tambem pensei que eles so queriam ir pros EUA) que tocam bandolins e juntam multidoes naquela ruazinha do County Hall. Eles sao muito bons mesmo! Meu Deus! Quantas e quantas vezes fiz isso! Escrevi muito tambem, mas depois coloco por aqui, quando eu puder usar acentos e tudo mais. Hoje eu fiz feijoada pros Habibis! Ainda bem que deu certo, fiquei morrendo de medo de dar errado! Noel repetiu tres vezes e Nicholas comeu `como um cavalo`, como ele mesmo diz. Hoje na aula John ficou todo sentimental porque eu ia embora e disse que me admirava muito por ter saido debaixo da saia de mainha, nem que fosse so por um mes, com 17 anos. Vou ter tanta saudade dele e das palhacadas dele! E das minhas coleguinhas! So hoje eu percebi mesmo que tinha que dizer tchau pra quem dividiu a vida comigo por um mes. E deu uma vontadezinha de chorar... Imagine quando eu tiver que dizer tchau pra Freddie e todo mundo!!!
Amanha eu vou pra um lugar chamado Notting Hill. haha
Caramba... QUE MES! :D
Nao so por ter vindo pra ca, mas por tudo o que tem acontecido, pelo que eu tenho aprendido, por sentir o lindo amor de Deus me cercando, pela minha familia, pelos meus amigos, que mesmo longe sao os mesmos, enfim, por poder sentir tudo isso eu sinto complitude. Tudo se encaixou, como mamae dizia. Meu quebra-cabeca, que parecia tao baguncado, esta montado. 12 ou 1200 pecas, come what may! =D



#



Ela teimou, e enfrentou o mundo, se rodopiando ao som dos bandolins...
(...)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Diario de Bordo VI

Respondendo a pergunta de Raiza: Eh claro que eu nao faco minhas peregrinacoes sozinha! hahaha. Sempre vou com alguem da minha turma ou alguem daqui. Em alguns casos, vai a manada de gente da escola, como o Jack the Ripper thing. E outros raros, sim, eu vou so, como hoje, que fui no Regent`s Park. Quando eu acordei o sol estava muito muito forte. Usei meus oculos escuros a manha inteira! uhuu
Depois, comi da Marks & Spencer. Uma das minhas lojas preferidas. Carol e mainha enlouqueceriam. Adoro ficar la, quarenta minutos escolhendo o que comer, que vai de frutas a comida quente, passando por iogurtes, padaria e sobremesa. Tudo tao bonitinho que mais parece uma boutique.
Tivemos aulinha a tarde. John estava mais engracado do que nunca, hoje.
Depois comprei mais livros. Vou ter um pequeno problema na relacao livros versus so 32 quilos de mala.
Lemos, um dia desses, um artigo sobre o gene `copo meio-cheio`. Uma das minhas colegas disse que o meu esta a todo vapor. So Deus sabe (e quem me ve na rua tambem percebe) a alegria do meu coracao em estar aqui. Cresci vendo as fotos da Inglaterra e Londres na cultura e sonhando em estar aqui. A sensacao de acordar de manha, abrir a cortina, ver o jardim de Freddie e pensar: `eu estou onde eu sempre quis` e indescritivelmente maravilhosa. Entao, eu estou me realizando aqui. Amo esta cidade! Por outro lado, tambem estou muito feliz por estar voltando pra casa, pra minha casinha, minha mamae, papai, itamarzinho & cia., ja estou sentindo o gostinho do rubacao que tia Leleda me prometeu, posso quase escutar a risada estridente das minhas amiguinhas, e que saudade, que saudade eu estou do mar!
Que saudade de Joao Pessoa! Que saudade eu vou ter de Londres!
Shakespeare diria: `Saudade, thy name is Maria Helena!` =PP
Bisous =*

sábado, 7 de março de 2009

Diario de Bordo V

Quarta-feira eu fui ver uma exibicao de Picasso na National Gallery. Nao babei pouco. Ele e, sem duvidas nem sombras, genial. Depois, finalmente entrei na Westminster, onde aparentemente todas as pessoas da Inglaterra, da Rainha Elizabeth a Jane Austen, estao enterradas. Quinta-feira fui na Torre de Londres, vi as joias da rainha (uma barateza so), a bloody tower e tudo o mais. Foi muito muito lindo, mas, como a temperatura estava perto do negativo, fui toda empacotadinha, nem os cabelos de fora. Ontem fui pra exibicao de Dali (outra exibicao, eh), que tambem foi muito linda. So me lembrei das aulas de Diego e daquele poema que ele repetiu 80 mil vezes `se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma`, porque uns sketches de Dali eram sobre a Arte de Amar de Ovidio. A noite, assisti s Les Miserables!!! Lindo, lindo, absolutely stunning.
Hoje fui no Hampstead Court, o castelo de Henrique VIII. Fica a 30 minutos de Londres e eh muito massa. A pessoa se sente transportada pra outra epoca MESMO.
Acabei de chegar em casa, fui comer uma feijoada com Gadelha, de noite! hahaha
Tomara que eu nao passe mal! haha
Amanha, dia de igrejaa! uhuuuuu =D
God bless you all

terça-feira, 3 de março de 2009

Diario de Bordo IV

Comecando de domingo... Fui pra igreja de manha, depois almocei no Plaza, uma mini-pizza pan bem bonitinha (e gostosa, e claro). Depois, tentamos ir pra Westminster, entrar, mas nao tem visitacao no domingo, entao vou ter que fazer isso outro dia essa semana. Fui, entao, no Victoria and Albert Museum, um sonho. Fiquei la ate as cinco, quando fui assistir ao culto na HILLSONG! Coisa mais liiiiiinda! Ontem fui no Chelsea, vi a estatua do homem que inventou o leite achocolatado e construiu a maioria do acervo do British Museum, depois fui na Saatchi Gallery, cada escultura profunda de arte moderna. Adorei! As quatro horas, encontrei Katherina no Marble Arch, fomos em Hyde Park Corner e no Albert Memorial. Depois... shopping, que ninguem eh so cultura! haha
=D

Vamos la... Perolas de Londres...
A gente na frente da St. Paul`s, chega uma mulher (transcrevo seu ingles incorreto tb):`is this houses of parliament?`
A crise de riso nao foi normal nao!

Outra: na sala de aula. O professor palhaco (sem ser o bonito) termina de explicar e faz: `is it clear? As clear as mud?`
Um menino: Yes!
A crise de riso tambem nao foi normal nao.

Mais um fato estranho foi eu voltando pra casa sabado a noite, entra uma manada de torcedores do Manchester fazendo todo mundo no metro cantar as musicas deles!

Tem muita coisa linda e muita coisa estranha nessa cidade-sonho, que eu estou A-DO-RAN-DO. =)
Bisous

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Diario de Bordo III

Me belisca, me belisca, me belisca 5 vezes! Terca eu assisti ao Fantasma da Opera! Atores perfeitos, vozes lindas, figurinos encantadores... Valeu cada penny! :)
Quando terminou, fui na Regent`s Street, que tem as lojas mais caras de todas. Nao achei um par de oculos que custasse menos de 120 libras. Entao, ja sabe ne? Foi so browsing.
Quarta de manha fui na Brick Lane, que eh uma rua indiana muito linda e coloridinha. Tudo bem... De repente, eu vejo: book shop. Naturalmente, corri pra ver, mas na vitrine tinha a promocao: WOMEN WHO DESERVE TO GO TO HELL. Sai de fininho, com medo das muculmanas me encarando =P
Quinta, depois da aula, fui na Wellcome Collection (de novo) e no Dickens museum com Katherina. Depois, comprei uns 4 potinhos de geleia na Harrod`s.
Ontem fui nos Kew Gardens de manha. LINDO, LINDO, LINDO. Absolutely stunning. A noite, assisti a um stand up comedy mais engracado de todos. O cara tinhas uns trejeito s de Jim Carrey com um super sotaque ingles.
Hoje de manha, National Gallery. Vi Michelangelo, Da Vinci, Van Gogh and so on... Depois, chegamos atrasados pra ver a torre de Londres, mas vimos um coral lindo na St. Paul`s. A noite, fomos ao cinema, no West End (10 pounds), assistimos a The Reader, filme muito muito bom mesmo!
Ja e meia noite e amanha de manha eu tenho culto, entao, c`est ca.
Deus abencoe a todos.
Beijo

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Diario de bordo II

Quarta-feira, depois de visitar o palacio e os jardins de Kensington, fui ver a London Bridge. Com toda a iluminacao, a noite, e a coisa mais linda. Quinta-feira, depois da aula, eu fui na Oxford Street pesquisar os precos. Tem perfumes de 74 libras la (e muita gente comprando tambem). Sexta-feira, encontrei Gadelha, fomos na London Eye, em Westminster, na Trafalgar Square, na cavalaria e jantamos em um restaurante italiano bem arrumadinho e pouco careiro (coisa mais rara do mundo aqui). Sabado, fomos ver a troca da guarda (morri de rir), parece que eles ficam gritando em alemao, e muito engracado! Depois fomos na Queen`s gallery e almocamos com Dani e Keilinha! Apesar de bem rapido, foi otimo. A tarde, fomos no Madame Tussauds, que e muito maior que o de NY. Tem seis andares! A noite, arriscamos na comida indiana, mas ainda estamos vivos! hahaha
Domingo de manha eu fui pra igreja, uma anglicana que tem na esquina da casa de Freddie (minha casa, whatever). A pastora super engracada, com aquelas roupas anglicanas, e o pessoal super gente boa. Todo mundo veio se apresentar a mim! O culto dura uma hora e meia e depois eles ficam na igreja comendo biscoitos e tomando cha. Ne lindo? Mais linda e a presenca de Deus, que eu posso sentir em todo lugar, a todo instante!
Almocei no restaurante brasileiro, maior frustracao da minha vida. Pedi feijao verde e me trouxeram vagem! Depois fui no Camden Market (leia-se feirinha de Londres), uma sulanca mesmo! Andei mais um pouquinho e fui pro lugar mais extraordinario de todos: a British Library. Tem quatro andares com livros do chao ate o teto! Fiquei doidinha, doidinha. Na mesma rua, fui na Wellcome Collection, uma galeria bem inusitada, com as esculturas mais esdruxulas que eu ja vi, incluindo um mapa mundi em que as fronteiras eram feitas de mosquitos e um olho que abre quando voce passa na frente dele.
Acabei de vir do Tate Modern, que e uma colecao de arte moderna, MUITO MUITO boa! Fica perto da St. Paul`s, entao foi facil vir pra ca.
Eh, e ainda tem MUITO pra fazer!
Saudades, sempre.



"O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra!"

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Diario de bordo I

Primeiro, peco desculpas aos admiradores do portugues bem escrito, mas os computadores aqui nao tem acentos nem cedilhas nem tils =P
Quando sai de Joao Pessoa domingo, a temperatura estava acima dos 30 graus celsius. Quando cheguei aqui, quatro (vale ressaltar que eu nao cheguei antes de, pelo menos, 20h de viagem). Em dois dias eu ja descobri porque Londres e a cidade mais cosmopolita do mundo. A mulher que me recebeu no transfer era indiana, minha mae da host family e metade francesa e metade alema; meu pai e metade grego e metade ingles; a namorada do filho deles e metade chinesa e metade de barbados, and so on.
Dizem que e impossivel conhecer um brasileiro pelo tipo fisico. Bom, e impossivel conhecer um londrino, definitivamente.
Minha host family e a mais legal do mundo, ela parece uma maezona mesmo. Tudo aqui e muito British e pontual. Segunda-feira fui no British museum, e quase do tamanho de Joao Pessoa! haha Ontem fui comprar besteirinhas no covent garden market, cada esquina tem um palhaco ou aquele povo como os de fortaleza, que ficam estatua e se mexem quando dao moedas. Fui tambem no transport museum, que e lindo lindo lindo. Ontem tambem comi o hamburguer mais caro da minha vida (mas tambem o mais gostoso) - 12 pounds. A partir de agora, so McDonald`s, que e bem mais barato. Nos dois dias, fomos para pubs tomar orange juice depois da aula. Um irlandes muito lindinho e o outro ontem que chama Princess Louisa, bem na frente da escola.
Um dos meus professores se parece em Hugh Grant, principalmente o beautiful accent. O metro nao e fedido como o de NY, e e muito facil de andar tambem. As pessoas da escola sao maravilhosas e muito willing to help.
Tem TANTA coisa pra ver aqui. Tanto tanto pra fazer e conhecer. E maravilhoso! Entretanto, eu nao moraria aqui. Tem cheiro de ferias, essa cidade. =P
Ah, e outra coisa, ao contrario da crenca comum, London is not gray! It`s pretty sunny actually.
Hoje eu vou no Kensington Palace e no memorial da princesa, que ficam no bairro arabe daqui. Depois vamos ver uma estatua de Peter Pan (parece boring, eu sei), mas me disseram que era amazing. E bom que seja mesmo! haha
Anyway, se qualquer coisa nao der certo, nao tem problema, em cada esquina tem algo interessante pra fazer, so e preciso disposicao e pes para andar muito.
Deus tem cuidado de mim e me dirigido por caminhos planos, eu sei e sinto. Sou-Lhe grata, a cada instante, em portugues e em ingles, pelas suas maravilhosas bencaos e pelo seu cuidado.
Tenho saudades da minha mamae, papai, itamarzinho, da minha familia e dos meus amigos o tempo todo. Lembro-me deles constantemente. Ontem, por exemplo, vi uma camisa a cara de Carol: `venha para o lado negro, nos temos cookies`. E fui numa loja cheia de power rangers, que itamarzinho adora. Afora as saudades, esta tudo perfeito. Mas, como bem me corrigiu minha mae ontem, quando eu disse que estava morrendo de saudades, eu estou VIVENDO de saudades!
Bisous a tous, e que o nosso lindo Deus os abencoe muito.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A new song

Parei e vi que, de repente, mais rápido do que eu pensava, a vida virou. E, desde aquele dia, o som que ecoa na minha mente fez sentido. E o eco virou vida: novo, novo, tudo novo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Met(amor)fose

- Dize-me, que é ser feliz? É ter uma verdade absoluta em que acreditar ou não acreditar em nada? É ter um amor ou viver só? Dize-me, pois vivo, vivo, mas continuo vagando nas nuances da felicidade, que, para mim, é muitas coisas e, ao mesmo tempo, nada. Dize-me, imploro, tu que és tão velho e já viveste tão mais! Dize-me se encontrarei um sentido estável e perpétuo, algo que eu possa escrever em pedra, para a querida alegria, que hoje tenho, mas amanhã, não sei. Amanhã ela já se transforma em outra coisa. Dize-me!
- Sabes que a vida é mudança, met(amor)fose. Acompanha a mudança e sê feliz. Ao contrário do que te ensinaram, ou aprendeste só, mudar é bom. O teu riso mostra que sempre soubeste o sentido mutável, é o que importa.
- O sentido mutável?
- Não há sentido perpétuo para a felicidade, porque não há estabilidade em nós. Estamos todos under construction, até eu.
- Até tu?
- Até todos.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Uhul!



10:11 da manhã, liga Adonildo gritando: "Aê, Helena é Federal!" Não acreditei muito, ainda estava dormindo. Quando parei e pensei, comecei a gritar, pular, orar, agradecer a Deus. Fui para o colégio, vi o pessoal, cabeças raspadas e band-aids representando a alegria. Que sensação boa! De repente, todo aquele estudo, todas aquelas saídas deixadas de lado, todas as orações, todo o desespero, todo o esforço, tudo fez sentido. E fez sentido de uma maneira explosiva. Felicidade excessiva, como dizia aquele cara de Patch Adams. Explodiu em pulo, em choro, em gargalhada, em grito, em oração. E eu, que sou só um grãozinho, tenho muito a agradecer. Que sensação indescritível! Até que os pontos da minha vida formaram um band-aid legal. Ou melhor, três! :D

~


Papai do Céu, como foste bom! Muito obrigada por ter segurado minha mão e ter-me feito prosseguir, quando tudo estava escuro. O Senhor, além de fiel, é amoroso, e disso eu jamais me esquecerei.
~
Ah, claro que eu tenho que dizer essa coisa de gente besta, né? "Ih, foi mal... A minha é FEDERAL!" Glória a Deus!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O pão da vida!

Hoje aconteceu algo muito raro, no salão de beleza. Estava eu ajeitando as minhas garrinhas quando uma senhora, que devia ter uns três neurônios, pela sua conversa prévia, disse que tinha muita pena dos famintos na África. Como eu já disse, sobre a sua aparente inteligência, ela devia ser como a Pallin, que pensava que a África era um país. Em todo caso, admirei-me muito. Uma pontinha de consciência em meio às discussões de marca de xampu é bastante rara. E eu concordei com ela. Também tenho muita pena daquelas criancinhas. Entretanto, há muitos famintos perto de nós também. Há muitos dos nossos amigos mais bem-nutridos que necessitam de comida para a alma. E, pior de tudo, existem muitos que morrem sem nunca ter experimentado nem um pedaço de pão.
Eu conheço uma fonte inesgotável, e muita gente conhece também. Eu queria poder dar deste pão para o mundo inteiro, mas tem gente que, mesmo faminto, recusa comida. Tem gente que pensa que o ego mata a fome, mas o ego é só como um chicletinho. O único carboidrato que sacia a fome de todo mundo é Jesus, o pão da vida. Pegue o quanto quiser, Ele já pagou a conta inteira com a própria vida, com o próprio amor.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O lugar mais bonito do mundo

O lugar mais bonito do mundo é uma praia com os seus amigos ou uma montanha onde você possa fazer bolinhas de neve para jogar no seu irmão mais novo. É uma igreja onde você possa adorar a Deus ou um pedaço da Criação que o lembre dEle. É um museu com as suas obras de arte preferidas ou o céu, sem limites. É um lugar cheio de gente ou a solidão completa. É uma cafeteria ou uma sorveteria. É Paris ou Mumbai. É uma escolinha onde as crianças aprendem a ler ou uma cidadezinha do interior onde um menino trabalha para sustentar sua família. É um poço que mata a sede das pessoas ou um arranha-céu que tenta resolver os problemas do mundo. É a estátua da Liberdade ou o nosso farolzinho aqui, no Cabo Branco. É o nascer do sol na praia ou o pôr-do-sol do jacaré. É um quarto de hospital onde a mãe cuida do seu bebê ou uma cruz ocupada pelo próprio Deus.
O lugar mais bonito do mundo é o quarto de Itamarzinho, quando eu abro a porta e fico assistindo ao seu sono, e me lembro de quantas vezes já fiz isso.
O lugar mais bonito do mundo é a sala da minha casa, quando escuto, do corredor, as rodinhas da mala de painho chegando de viagem.
O lugar mais bonito do mundo é a mesa da minha sala, com a minha mãe estudando como se a vida nunca terminasse.
O lugar mais bonito do mundo é o lugar onde encontramos amor.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Eloqüente silêncio

O silêncio simula sensações, dá margem a histórias, interpretações. O silêncio retrata paz, tranqüilidade e, segundo Shakespeare, é um arauto da alegria. O silêncio é quieto e estridente, desmorona as paredes da alma, liberta a alma. Deus trabalha no silêncio, nos olhares. E é assim que tudo começa.
E eu, que amo tanto as palavras, tenho que ceder ao que dizem por aí: A palavra é prata, o silêncio é ouro.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Os poemas se divertem!

A célebre palavra de Deus começa dizendo que, no início, Ele criou os céus e a terra. Criou. Sempre me interessei muito pela arte, embora não seja amante dos palcos, a não ser o da minha própria vida, em que eu não enceno, mas vivo meus próprios pensamentos, conceitos, filosofias e emoções. Não entendo muito de pintura, nem sei distinguir muito bem os grandes artistas, mas sei ver e, vez por outra, consigo até sentir as cores vibrantes, os motivos diversos. Também gosto muito da música, e é quando penso nela que sou muito grata por ser brasileira. Nenhuma cultura européia pagaria o prazer de entender a essência da MPB ou a leveza da Bossa Nova, só para citar exemplinhos. Não assisti a muitos filmes, mas acho-os interessantes, por vezes. Mas aquilo que eu mais aprecio, e não há dúvidas quanto a isso, é a literatura. É incrível como gente feita da mesma matéria que nós possa escrever coisas tão esplendorosas. Quem nunca ficou estupefato com a engenhosidade de García Márquez ou com a mestria de Machado? Quem nunca entrou em um poema de Cecília ou de Pessoa e nunca mais quis sair? A literatura, já dizia o próprio Fernando Pessoa, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta. Contraditoriamente, é também o mais profundo mergulho que podemos dar na própria vida. E é na vida que eu quero terminar minhas palavrinhas. Tudo o que fazemos, escrevemos, lemos, encenamos é uma reprodução da vida, uma explicação da vida. E tudo isso só pode ser tão brilhante assim, porque um dia, como nós criamos arte o tempo todo, Deus criou o mundo e nos criou. Em Efésios, Paulo escreve que somos "feitura de Deus". Esta palavra "feitura" é a mesma palavra grega para "poema".
Nós somos o poema de Deus, e Ele nos dá, a cada dia, as ferramentas para tornar os nossos versos ainda mais belos. Às vezes é preciso ajustar a métrica ou a rima, outras é preciso ousar e fazer da nossa existência um audacioso poema modernista de versos brancos e livres.
Eu acho que a minha vida é mais para um poema modernista: tem hora que só faz sentido para o Autor e para o próprio poema. Mas, quer saber de um segredo? O Autor sempre sabe o que fará com o poema. E os poemas se divertem quando estão sendo construídos. Todos os poemas se divertem!
O milagre da criação de Deus acontece todos os dias.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Só um grãozinho

A bíblia está cheia de histórias comoventes. Desde a coragem de Davi à força de Maria, tudo me encanta. É curioso como costumamos associar uma lição a cada história, ignorando, muitas vezes, as mil faces de cada uma dessas sagas. Por exemplo, todo mundo fala da paciência de Jó, mas foram poucos os pastores que eu ouvi pregar sobre a sua fé. Jó sofreu muito, mas suportou tudo. Perdas inimagináveis, acompanhadas da paciência que lhe rendeu uma expressão idiomática bastante utilizada. Tenho certeza de que todo mundo já escutou: "Fulano tem paciência de Jó."
Pois bem, concordamos todos, eu, você e o mundo: Jó era paciente.
Entretanto, essa linda virtude - que, por sinal, anda muito em falta - é fruto de apenas duas letrinhas: fé. Jó, apesar do seu pungente sofrimento, confiava na soberania de Deus. Ele tinha uns amigos que ficavam, o tempo todo, tentando convencê-lo de que a razão de ter perdido tudo era o seu pecado, sendo Jó um homem íntegro e fiel a Deus. Em meio aos discursos fervorosos dos seus amigos, Jó disse o que eu encaro como uma das maiores declarações de fé: "Ainda que Ele me mate, nEle esperarei."
E eu sei que devia ser só como um grão de mostarda, a fé dele.
Quando achamos que estamos confiando, que entregamos tudo a Deus, olhamos para as nossas mãos e vemos que elas ainda estão cheias, logo, estamos querendo controlar tudo. Martin Luther King Jr tinha muita razão, naquele discurso: "Eu segurei muitas coisas nas minhas mãos e perdi tudo, mas aquilo que eu coloquei nas mãos de Deus eu ainda tenho."
Acredite, eu vejo todos os dias que Deus toma conta de tudo muito melhor do que nós. Vejo com a minha fé, menor que um grão de areia.
E por ela mesma, sei que um dia estaremos de acordo, eu, você e o mundo: Deus é sensacional!