quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Seria muito bom se pudéssemos ser invisíveis e ver o que as pessoas falam de nós, como elas são quando não estamos presentes. Certamente teríamos muito orgulho de alguns, mas também nos decepcionaríamos um bocado. É interessantíssimo como a conduta das pessoas está intimamente ligada às situações. Oro para que o Senhor não me deixe ser assim. Tenho essa crença, na opinião de muitos, pré-histórica, de que tudo o que um homem possui é o seu caráter e as suas atitudes. Isso faz com que, às vezes, eu, essa 'filha do carbono e do amoníaco' (nas palavras de Augusto dos Anjos - se é que é necessário citar), sinta-me um pouco digna. Hoje, eu pude ser invisível, e tive orgulho do que vi.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Se eu tivesse asas voaria. Mas por que depender delas, eu que nunca quis prescindir de ninguém? Às vezes penso que Deus não nos dá tudo o que queremos para que saibamos quão limitados somos. Mas, ao mesmo tempo, penso que talvez Ele não nos dê para que não sintamos nossos limites, e pensemos em transcender essa pequenez - que paradoxo!Aliás, amo os paradoxos, as antíteses e todas as figuras de linguagem que se opoem, penso que são pequenos reflexos da sabedoria. E discordo de quem disse que o homemera a única coisa concreta do Universo (quem sabe as estrelas sejam, mas as pessoas?) Esses pontinhos que andam por aí, matam, roubam, sorriem, brincam, brigam, arrependem-se, machucam e amam? Quer maior contradição? Somos muitos e poucos, acreditamos em quase tudo o que nos dizem, parecemo-nos com uma pintura abstrata cubista - melhor, impressionista. E, embora seja como tão incerta quanto todos os humanos, há algo concreto em mim: se eu tivesse asas, voaria!
(22/12/07)

"Liberdade é pouco. O que eu quero ainda não tem nome." (Lispector)

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tenho pavor a escuro. Quando todas as luzes se apagam, parece que perdemos o controle, simplesmente não sabemos o que está acontecendo, não podemos saber. O escuro, para mim, lembra a ignorância dos homens, no sentido literal da palavra: as pessoas simplesmente não sabem o que acontece. Acostumamo-nos a contar as horas, marcar compromissos, mas o que é o tempo? É muito comum acendermos e apagarmos lâmpadas, mas o que é a luz? Vamos a teatros, cinemas, museus, mas o que é a arte? Frequentamos, inclusive, as igrejas, quando tantas vezes nem sabemos quem é Deus. "Por quê?", eu me pergunto. A essência do ser humano é investigadora, é curiosa, mas temos matado aquilo que nos é inerente, e a arma do crime se chama comodismo. Ele, por si só, vence multidões.

".. pois os homens começam e começaram sempre a filosofar movidos pelo espanto. Aquele que se coloca uma dificuldade e se espanta reconhece sua própria ignorância. (...) De sorte que se filosofaram, foi para fugir da ignorância." (Platão)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Liberdade é, parafraseando Cecília Meirelles em seu brilhante Romanceiro, uma palavra que ninguém consegue explicar, mas não há quem não entenda. Hoje, na aula de história, o professor, ao referir-se ao socialismo, comentou que esse regime dá às pessoas infra-estrutura decente, mas priva-lhes de pensar, falar, opinar, opor-se. Pensei comigo quão falso isso soa. Como dizer que as pessoas têm uma sociedade estruturada? Estruturada sobre o quê? Opinião de quem? Como? Onde? Por quê? Pensei, depois, que nenhuma dessas perguntas poderia ser feita, porque as pessoas são privadas do único bem que um ser humano possui de verdade: a liberdade.

"A liberdade é como o Sol: o bem maior do mundo." (Jorge Amado)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

"I know not what tomorrow will bring", these were Fernanado Pessoa's last words. I can see some wisdom in them. One can never know what may happen. We may be better or worse tomorrow. It may rain or be a shiny day. We could start a new life or die. Maybe we could see the happiness in everything, or stuff could be all dark. Anyway, there's one thing we can know: our look makes a big difference. We can rejoice and even be thankful for the rain, for the death, and for the darkness, why not? Somebody who has never been in the darkness can't know how great is the light!
Well, it may sound optimistic, unrealistic, whatever you want to call, but I do believe it.

"I'm an optimist. It doesn't seem much use being anything else." (said Churchill)