sábado, 27 de junho de 2009

Nem manquer nem miss

Ô idiotismo difícil, a tal da saudade! Diz Maria Valéria Rezende, no Vôo da Guará Vermelha, que quem tem saudades tem na vida uma riqueza, porque tem coisas boas de lembrar. E é mesmo. Temos saudades da infância, quando as nossas maiores preocupações eram comprar lancheiras da barbie, comprar melissas ou ganhar o salto em distância. Temos saudades dos amigos que não vemos há tempos. Temos saudades de viagens, de dias, e, às vezes, de momentos, que volvem à nossa mente querendo ser revividos. Temos saudades de uns amores idos, e de outros que nunca aconteceram. Temos saudades do que nos fez bem, mas deixou de fazer parte do nosso cotidiano. É bom ter saudades, porque quase sempre se pode matá-las. E que alegria imensa, voltar a ser criança, brincando em uma cama elástica, ou receber a ligação inesperada do amor que já fazia tanto tempo, ou encontrar os amigos que não vemos mais todos os dias. Quão doce é voltar a um lugar de que gostamos muito, ou encontrar, de novo, os momentos que achávamos nunca se repetiriam. Eu só não gosto quando a saudade chega e se aloja no coraçãozinho da gente, e fica para sempre. Ficam só lembranças, mas não dá para matar a danada da saudade. É aí que perde a graça. E, para mim, que não tenho os dons simbolistas, perde o poema.