segunda-feira, 21 de setembro de 2009

First Sunshine

Se eu não paro, se danço no ritmo agitado da existência, se passo da valsa ao forrozinho, aí sim é que sou feliz. Se dos excessos - de palavras, de risos - faço essência, sou inteira. Afinal, que significa ser expletivo? Quem faz os truques diários da vida sabe que nada é demais: tudo é vento no rosto, que acalma, afaga e renova. O que chamam de supérfluo é, na verdade, a mudança de ritmo, e não há quem pudesse dançar aqueles três tempos para sempre. Dançamos dois e quatro e pausamos. Nas pausas, escuta-se o melhor som do mundo e a linda sinestesia do Sol.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O milagrinho aqui de casa

Vinte e dois dias depois do acidente, papai saiu do hospital. No dia 28 de agosto. Posterguei o relato, mas não o esqueci. Durante o tempo em que papai esteve no hospital, meus amigos o sabem, as notícias foram bastante controversas. Mesmo depois que deixou a UTI, teve complicações. Ligavam-me e eu dizia: "está bem melhor". No outro dia: "descobrimos outra coisa". E a situação oscilava de tal maneira que os nossos corações, por vezes, se cansavam. Lembro-me, detalhadamente, da noite mais tenebrosa da minha vida, quando descobriram que papai estava com um sangramento no cérebro e hidrocefalia. Segurava-me em meu irmão, porque minhas pernas tremiam como eu nunca achei que fosse possível. Mesmo assustada, eu - talvez surpreendentemente - não deixei de crer. Em meio à minha angústia, eu joguei-me no chão tantas vezes, comprimi o meu rosto à parede, e clamei ao Senhor. Os amigos-irmãos que me ligaram naquela noite não entenderam bem as palavras que muito mal saíam da minha boca, mas me escutaram, oraram por mim - nessas horas, aprendemos o que significa ser amigo. Os dias que se seguiram foram cheios de crescimento. Lembrava constantemente "não se turbe o vosso coração" e disse à minha mainha (que é uma mulher de FÉ): "Mainha, isso é Deus dizendo: 'se avexe não'". Deus, em sua infinita bondade e em sua linda graça, salvou a vida do meu pai. Sei que Ele é soberano e sabe o porquê de termos passado por tanto sofrimento. Sei que aprendemos mais da Sua fidelidade que é enorme e incomparável. E descobri, um pouquinho mais, o que significa ter fé. Mamãe disse muito bem que, embora os médicos não quisessem nos dar esperança, só deveríamos escutar a voz de Deus, que diz: "Não temas." Eu O agradeço todos os dias, incessantemente. Faltam-me as palavras, as frases, falta-me o que expresse bem tamanha gratidão. Mas o Senhor conhece o meu coração e sabe. Tantas vezes nos disseram, com uma expressão pesarosa: "agora, só Deus", sem saber que, para nós, era aí que habitava a maior esperança. Como diz o Salmo 46, Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza.
Hoje, ao sair ali na sala e ver meu pai (que agora, enquanto se recupera, precisa ficar em casa), olhar bem pra ele e ver aquele riso engraçado, louvo ao Senhor - deixou-me ver mais um milagre.

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"Há momentos tão difíceis que, se Deus não nos tomar pela mão, ficaremos prostrados; igualmente, se Ele não tocar o nosso coração, ninguém conseguirá nos consolar. Se a força dEle não nos erguer do caos, ficaremos cambaleando, tal qual um bêbado com passos trôpegos pelos corredores da vida. Deus é a esperança que nos mantém vivos, e a Sua presença é a razão de seguirmos vivendo."
(Estevam Fernandes de Oliveira, meu pastor querido)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Soft

Eu não saio para beber toda semana, não viro noites em festas e não fumo. Não uso drogas, não "fico" e não vou pra balada. Claramente, não me encaixo nos padrões. Há quem me julgue taciturna, mas há de se desconfiar dos julgamentos gratuitos. A verdade é que a felicidade parece ser a estabilidade que se encontra com o tempo e, ao mesmo tempo, o desejo de ver o novo. Digo que amo o mar, as línguas e a literatura. Amo, acima disso que tanto amo, conhecer, sempre mais, o Senhor e sentir a Sua presença.
Não me faz feliz a diversão típica. Não sou daqui, bem sei, e a tranquilidade me faz sentir um pouco do lugar para onde vou.
Ah, contemplem a calmaria e saberão do que fala a minha alma - das borboletas!