segunda-feira, 28 de junho de 2010

Renewal

Coisa bonita é a paixão. Boa de viver, de cantar, de escrever e até de ver. Mesmo quem nunca teve uma, adora ver os filmes e sente nostalgia quando está perto de um casal harmônico - todo mundo quer ter de um par (embora possamos viver felizes sozinhos - não me tomem por machista a opinião). Já li alguns, e gosto de ler sempre, escritos românticos. Se não penso que Romeu e Julieta seja obra-prima de Shakespeare, certamente aprecio os sonetos camonianos. Mas falam sempre do começo do gostar, das suas características e nunca do seu fim. Aliás, pergunto-me: acaba-se?
Not black-and-whitely, diria que sim. E jogaria um dardo com certeza no momento preciso. A paixão se acaba quando o seguinte pensamento surge: "Fulano(a) gosta mais de mim do que eu dele(a)." Pode-se dar por certo o fim do feto amoroso. Não crescerá, ou, crescendo, será doente, torto, manco, faltar-lhe-á algo, porque gostar, eu tenho visto nos outros e em mim, pressupõe um quê de falta de ar, um toque de nervosismo, umas borboletas que voam na barriga, uma segurança ansiosa. E essas coisas não param de acontecer. Tornam-se mais amenas, com o tempo, bem sei, mas não se acabam enquanto houver cumplicidade e euforia. Aquilo que não se renova, morre - regra geral.
E, digam-me, como quem diz a um mero observador: que é o amor, se não um começo eterno?

domingo, 27 de junho de 2010

É vivível?

A nova (?) loucura das pessoas é fazer milhões de coisas. Não vejo mal nisso - eu mesma faço um bocado. Mas quando nos tornamos escravos dos nossos objetivos materiais, esquecemo-nos de uma parcela da vida: viver. Eu tenho uma tia engraçadíssima - e queridíssima - com quem eu conversava um dia desses, falando sobre uma conhecida nossa que eu havia encontrado por aí. Eu disse: "Tia, ela trabalha tanto. Sai de casa às sete da manhã e chega às sete da noite, direto. Disse que está ganhando muito dinheiro." Ao que titia perguntou: "E gasta quando?"
Pensei, na hora, que não gasta. Não ela. Quem aproveita a maior parte do seu dinheiro é o marido, são os filhos, nas incontáveis saídas, nos carros novos, nas viagens. E são todos novos e bonitos, vivem na academia, enquanto ela, que deve ter uns 45 anos, parece ter quase 60.
Mas toda essa tentativa desenfreada, ou vício, pelo sucesso, acaba esbarrando em uma parada da vida. Sim, porque ou paramos por bem, ou por mal. Para por bem quem faz uma oração, lê um livro, assiste a um filme, passeia, vê o mar, conversa com os queridos pacientemente (na correria não serve). Quem se recusa a se reabastecer, a se renovar, será, inevitavelmente, assaltado por uma depressão, por uma doença causada pela falta de cuidado (no corpo, na alimentação) ou pela morte - quem sabe?
O fato é que precisamos, a cada dia, saber que somos humanos, pequeninos, frágeis, como vento passageiro, e que não, não podemos fazer tudo. Temos necessidade de descanso, de ócio contemplativo, de admirar a vida, o que é, em última análise, vivê-la verdadeiramente.

"Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio"
(Sl. 90:13)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Que fazer? Para onde ir?

“Não é bom ter zelo sem conhecimento.” (Pv 19:2a)

“Errais em não conhecer as escrituras e nem o poder de Deus.” (Mateus 22:29)

“O meu povo é destruído por lhe faltar conhecimento.” (Oséias4:6)

Os cristãos modernos tendem a se enquadrar em dois grupos distintos, ambos bastante perigosos. De um lado, os que não ligam muito, que vão à igreja uma ou duas vezes por mês e pensam que cristianismo é aquilo que a sua própria moral lhe diz. A estes critico ferozmente, porque crer é pensar. Se não sabem o que significa aquele pãozinho ou a óstea que comem na igreja, se não conhecem os fundamentos da sua fé, se nas suas atitudes nada muda, fogem muito do que diz Jesus, tão lindamente: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." Ora, é preciso conhecê-la. Esses são perfeitos atores (para não dizer palhaços) que repetem o que decoraram desde pequenos, achando que impressionam alguém. Como se Deus fosse uma platéia surda e cega.
O outro extremo, tão perigoso quanto este, é o dos novos legalistas. A morte de Jesus na cruz rompeu com a Lei de Moisés pura e nos colocou debaixo da graça de Deus. Entender a profundidade disso é entender a base cristã. Os fariseus, a quem João Batista tanto criticou e chamou "raça de víboras", ordenando que produzissem frutos de verdadeira conversão, têm novas versões em nossos dias. São esses "sepulcros caiados" que inventam novas regras e que se esquecem da premissa primeira - a graça. Procuram novas "mulheres adúlteras" (que hoje em dia são tão facilmente perdoadas) em quem atirar pedras, nomeadamente os homossexuais, as mulheres que abortam, mas não se lembram dos seus pecados nem se retiram, como o fizeram os judeus ao som das palavras de Jesus. Absurdos eu já ouvi de todos os tipos, inclusive doutrinas que rotulam quem vai para o céu e quem vai para o inferno. Além disso, tem as que dizem o tamanho do cabelo, da roupa, a quantidade de maquiagem, and so on, como se Deus se importasse com a nossa aparência mais que com o nosso coração. Hoje mesmo, deparei-me com a doutrina de que beijar antes do casamento é pecado. Os fariseus não defecavam no sábado, porque era o descanso. Há semelhança?
Vejam bem, sei o que a Bíblia diz sobre se abster da imoralidade, mas a decisão dos limites é pessoal. Não podemos rotular como pecado algo que nos parece errado. Ora, se assim fosse, a mim parece errado ir a um show de Hard Core. Isso significa que as centenas de bandas cristãs desse estilo pecam? - de maneira alguma.
Nesse ponto, nossos novos fariseus caem no mesmo perigo dos que não se importam - confundem moral com cristianismo.
É preciso conhecer mais. É preciso estudar a Bíblia e saber o que ela diz sobre uma coisa e outra, ou o que ela não diz, porque ela é o dogma único sobre o qual nós, cristãos, estamos erigidos.
Lemos tanto: revistas, jornais, livros, bulas, manuais, emails, orkut. Por que não gastar tempo lendo algo eterno?
Há poder na palavra do Senhor.

domingo, 20 de junho de 2010

All sides

Uma das razões por que é tão difícil amar é que para isso, é preciso completude. O amor, como tudo na vida, tem fases. Primeiro são olhares, depois conversas, mais conversas, uns beijos e abraços, que são o contato físico que se tem antes de se casar (pelo menos para os mais ortodoxos, grupo em que me incluo muito facilmente). Quando se casam, as pessoas têm a fusão de suas mentes e espírito concretizada em seus corpos, mas após algumas décadas, algo cessa. O vigor físico não é mais o mesmo, as mulheres - e também os homens - ganham rugas, a beleza do corpo vai passando, tão efêmeros que somos. E o amor carnal que era tão efusivo vira só uns amassos, depois uns beijos e, quem sabe, vai se transformar naquelas conversas primeiras, em que importava a companhia - e só. Não digo que haja mal nisso tudo. Pelo contrário. Digo que só pode amar para sempre quem aproveita cada parte do amor e quem, desprovido de um de seus viéses, não o deixa de lado. Tive um amigo muito engraçado e muito querido que me dizia que precisava se casar porque não aguentava mais viver sem sexo. Eu ri muito, naturalmente, porque é divertida a declaração tão espontânea, mas pensando nisso, depois, concluí que era triste, a afirmação. É preciso gostar de quem se ama por inteiro e sempre. Se a vida, como diz a sabedoria popular, é uma roda-gigante, o amor é uma montanha-russa, e quem não aperta os cintos, principalmente quando está de cabeça para baixo, não completa a jornada. Para amar, precisa-se tanto de pulso quanto de coração, e pouquíssimos temos o suficiente.