quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sobre Lucy Alves

Não me lembro de a temporada passada da versão brasileira do The Voice ter sido tão comentada aqui na terrinha. Mas, nesta, quando soubemos que Lucy, do Clã Brasil, cantaria, parece que todos nós reunimos um pouco de força para vê-la cantar, o que foi, na verdade, ver a nós mesmos: nossa vida nordestina, tão colorida, tão bonita, tão forte. Ela não venceu o programa hoje, talvez porque o Brasil é grande e, como o mundo todo, é um pouco americanizado. Mas, Lucy, no meu coração, ganhou todas as vezes! Ela cantou a música com a qual eu, aqui no teatro de arena, percebi os braços da paz do amor da minha vida. Lembrou a boiada seca dos nossos, que convivem com o drama de querer aquela chuvinha que parecia sair da sua voz, e nela encontraram também representação (e teve chuva, nosso sertão, neste fim de ano). Ela disse, com todo orgulho, com toda força: "eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar", agradando muito. Hoje, ela levou seu painho e sua mainha (que coisa bonita!), emocionou a todos e foi a estrela mais linda.
Lucy, eu desejo, aqui deste canto desconhecido, que ninguém possa dizer que lhe viu triste a chorar, porque você também vai explodir nas trincheiras da alegria. Parabéns, Lucy. Obrigada por levar a voz deste povo feliz e forte, que é o nordestino, para todos os cantos deste Brasil, e por honrar seus pais de um jeito tocante assim. Leve-os com você sempre. Que Deus abençoe seus passos e seja glorificado por seu talento e por sua voz, que são presentes dEle. Eu, aqui, estou em sua torcida.

sábado, 30 de novembro de 2013

É difícil explicar como se crê, mas é fácil dizer por que se crê. Difícil falar do que é tão claro em todas as coisas: Deus é. Fácil apontar para a vida de quem foi míope, quase cego, e hoje vê, mesmo que apenas um reflexo no espelho. Fácil demonstrar a presença, o cuidado, a provisão de um Deus que nunca abandona, que sabe o que é melhor. Tão, tão fácil ter um coração agradecido por cada pequena bênção, pela companhia em cada provação, pela Forte Mão que já abriu o mar, mas, de outra vez, apenas apontou para as estrelas, em gestos de igual poder. Tão difícil explicar o presente destes olhos cuja fé - caminho bonito -  decorre da graça apenas.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pequena janela da minha alma, tanta coisa aconteceu. Continuo andando, mas a verdade é que preciso reencontrar o caminho, refazer as primeiras perguntas e encontrar as respostas certas. A verdade, pequena janela, é que minha alma ainda é a mesma, embora mude o tempo todo. Eu volto a você, volto-me a Ele, e acredito - porque é este o meu presente - que tudo será claro outra vez. Tudo será claro, pequena janela. Claro como nunca antes foi.

quinta-feira, 7 de março de 2013

"Já fui mulher, eu sei..."

Tive a oportunidade de ver Zeca Baleiro cantando aqui em João Pessoa e não me saiu da cabeça uma música: "Eu sei como pisar no coração de uma mulher. Já fui mulher, eu sei." A letra é de uma empatia paradoxal. São bonitos os pensamentos que produz. Hoje, o dia das tecelãs guerreiras, o nosso dia, é dia de pensar no privilégio, na responsabilidade, na dor, na beleza, de ser mulher. Eu, menina, sei o que é, no primeiro dia de aula do curso de inglês, ainda tão pequena, entrar na turma que só tinha meninos que me olhavam com estranhamento. Eu, menina, sei como ouvir a história da minha melhor amiga, e sentir suas angústias, suas alegrias, suas conquistas, como se fossem minhas. Sei também contar-lhe minha vida e vê-la sentida nela. Eu, adolescente, sei como os hormônios podem virar nossas cabeças durante dois, três, quatro dias, explodindo em lágrimas. Eu, adolescente, sei o que é sentir uma confusão boa no coração e tentar, pela primeira vez, entender o que é amar outra pessoa, a pessoa que eu quero. Eu, adolescente, sinto a presença de Deus de uma maneira tão bonita na minha vida. Eu, mulher, sei o que é sentir intensamente, ver coisas que os homens não conseguem enxergar. Eu, mulher, sei que a beleza do corpo é muito enganosa, mas temer a Deus me garante uma alma limpa de forma perene. Eu, mulher, estou aprendendo o que é lutar todos os dias. Eu, mulher, sei que não é fácil, mas vale a pena. Eu, mulher, sei como a vida pode machucar com força os nossos corações, mas sei que tudo passa. Eu, mulher, aprendi a chorar de alegria sem ter vergonha. Eu, mulher, vi que é possível trabalhar, cuidar dos filhos, da casa e dos outros. Eu, mulher, me orgulho de ver tantas tão vividas, que continuam com o mesmo vigor, que entendem que a vida só cessa quando cessa. Eu, mulher, estremeço quando vejo as outras de mim lutando para poderem falar, votar, cantar, dizer o que pensam sobre o seu corpo. Eu, mulher, sinto hoje pelos corpos e almas femininos que têm sido destruídos por pais, filhos, maridos, que prestarão contas a Deus. Eu, mulher, sei que preciso fazer mais por elas, para que escutemos seus corações. "Eu sei como é bonito o coração de uma mulher. Eu sou mulher, eu sei..."

quarta-feira, 6 de março de 2013

Natal 2012

Tive uma sensação engraçada ao ver escrito, em um bolo de Natal: 'Feliz Aniversário, Jesus'. E acho que não deveria. Sei lá, tão normal quando comemoramos o nascimento das pessoas homenageá-las assim, não é? Mas Jesus parece um aniversariante muito ausente, muito distante da festa que deveria ser sua. Os milhões de presentes que compramos, às vezes tanta farra, tanta bebedeira, tão pouco de comunhão com Deus e com a família, neste dia. Jesus disse que quando fazemos e damos coisas a quem realmente precisa, estamos fazendo a Ele próprio. Neste natal, quantos presentes compramos para os nossos queridos? E quantos para quem realmente precisa, que significa dar ao aniversariante? Neste natal, você vai falar com Jesus? Ou vai deixá-Lo como o pano de fundo da sua diversão, da reunião da sua família, como se Ele fosse a lembrança distante de um bebê que veio ao mundo, e não o próprio Deus, que está vivo entre nós? De uma coisa eu sei: o melhor presente que podemos dar a Deus é a nossa própria vida aos Seus pés. A prova do amor de Deus é ter enviado Jesus ao mundo, para nos ensinar e morrer por nós. Mas a vida e o sacrifício de Cristo só podem ter um valor real nas nossas vidas se nós quisermos. Nos últimos dias, os meninos da casa shalom que têm aula no Projeto ABC/PIBJOVEM cantaram uma música tão linda, de quem realmente sabe que o que podemos embrulhar num papel e dar a Deus neste natal é a nossa própria vida. Dizia: "I give God me this Christmas, from my head down to my toes, I give God me this Christmas, that's what He wants the most!" Feliz Natal a vocês todos! Que o amor de Deus materializado em Jesus toque os nossos corações neste dia! Obrigada, Senhor, por assumir essa forma de gente, por passar por todas as dificuldades dessa vida, mesmo sendo Deus. Obrigada por me amar tanto!
Jesus querido, que eu aprenda das tuas aflições e do teu sofrimento a passar por esse mundo com a tua sabedoria, com o teu amor, com tua mansidão, com teu espírito que não julgava os outros, com a tua coragem de defender o correto e colocar-se ao seu lado sem medo, com a tua bravura de enfrentar quem quer que fosse, e com a tua sensibilidade, que conseguia ver, no olhar de uma criança, o Reino de Deus. Que eu diminua, que diminua a minha vontade, que diminuam as minhas palavras, que diminua o meu orgulho, e que cresças Tu, Senhor, nas minhas batalhas diárias, ainda que me doa.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Não vá

Ele é um pequeno lindo por dentro e por fora. E muito feliz. Hoje, porém, roubaram-lhe o sorriso, porque se esqueceram dele. Simplesmente foram embora e deixaram o meu pequeno. Ele correu e se trancou. Fechou também o coração, porque aquilo insistia em acontecer de novo na sua vida. Eu corri para o lado de fora da porta e quis conversar, mas ele não abriu nem respondeu. Estava esperando que também eu fugisse. Quando, finalmente, falou, foi este o nosso diálogo:
- Vá embora!
- Eu vou embora se você abrir a porta.
- Eu abro a porta se você disser que não vai.
A porta, enfim, se abriu. Eu fiquei mais um pouco, mas não podia ficar para sempre. Às vezes, não poder ficar para sempre dá uma dor aguda na alma. Abracei, beijei, amei-o um pouquinho - tão pouquinho - e também o seu coração destrancou-se. Ele sabe que Deus não se esquece dele. Eu também não.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sair do trabalho às 18h significa enfrentar um trânsito sem perspectiva do fim. Significa, também, poder andar na rua e ver algo de tão bonito, que é o céu quando o sol está quase todo escondido. E não falo de ver o céu de dentro de casa, ou do carro, ou na correria, mas andando calmamente pela rua. É como se, naqueles minutos, tudo tivesse a perspectiva do belo. E não me importa o trânsito: fecho os olhos, e o céu ainda está aqui.