sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Mitos (para meninas)

Quem nunca acreditou em algo absurdo, atire a primeira pedra. Quando eu era pequena, meu irmão mais velho, que sempre brincava muito comigo, apesar dos oito anos que nos separam, dizia que se eu cavasse um buraco muito fundo na areia do mar, chegaria à China. Minhas asinhas querendo se desenvolver precocemente me faziam cavar por minutos (que pareciam horas) a fio, mas nunca cheguei à Grande Muralha. Especialmente quando somos crianças, nossas vidas são repletas de mitos e fantasias, que embora não sejam a realidade, nos ajudam um pouco, seja para a compreensão do mundo de que precisamos, seja para as nossas brincadeiras ou apenas para o colorido forte que tem a vida nos primeiros passos. Porém, (in)felizmente, crescemos e - pelo menos os que procuram uma pitada de normalidade - abandonamos as antigas estórias, que se tornam nossas anedotas, nossos contos em dias de domingo com a família, quando, inclusive, inventamos mitos para os novos pequenos. É o natural, não? Mas algumas dessas crenças  ingênuas da infância e do começo da adolescência, arraigam-se de tal forma às nossas almas que nos tornamos eternos atores dos dramas que criamos. Principalmente as meninas. Como podemos ser bobas! Tendo escutado algumas histórias de amor - que a mim parecem de horror - nos últimos dias, senti-me compelida a enumerar fatos da vida, para, quem sabe, conseguir derrubar um mito aprisionador de alguém, ou, para ser mais platônica, tentar tirar alguém da caverna escura.

1. Homens não fazem joguinhos - a cabeça deles é muito mais "black-and-white."
2. O amor pode sofrer qualquer coisa, mas você não precisa ser um mártir todos os dias da sua vida.
3. Se o cara trata mal todos os outros seres humanos, menos você, cuidado, cuidado, cuidado.
4. O cara foi um canalha a vida inteira, mas agora virou um anjo. Se você acredita, provavelmente está comprando ingresso para assistir, em espetáculo interativo, a maior mentira de todos os tempos. Acontece, mas só de duas maneiras: (1) ou é uma raridade, e aí, duvide, (2) ou Deus mudou, e aí, preste atenção, para não se confundir.
5. O cara te trata pior que gato e cachorro, arranja outra, acaba, volta, acaba, volta, é notadamente perturbado (dica: as mães são especialmente boas para identificar perturbação!), mas diz que te ama, ou, pior, ele nem diz, mas você desconfia que no fundo, ele te ama, e vive em função disso. Dispensa comentários?
6. Amar é bonito.

Tente pensar objetivamente na sua pretensa love story. Se fosse a vida de outra pessoa, que conselho você a daria? Dê a si mesma.
Seja menos ingênua para o que a faz sofrer, enxugue suas lágrimas, abra bem os seus olhos e jogue fora sua descrença, porque "love is everywhere, I see it."