segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"Segure o peixe"

Estou lendo um livro de Ernest Hemingway, chamado "O Velho e o Mar". Vivo a parte do livro que estou lendo. O velho, saindo ao mar para uma pescaria, tem o objetivo de conseguir o melhor peixe, não apenas os peixinhos, que com certeza conseguiria. Não quer certezas, quer desafios. O menino, que o ajudava, teve que partir para outro barco (e é assim mesmo, a vida. Só dividimos barcos com quem compartilha dos nossos objetivos). Ele, depois de muito tempo, consegue achar um peixe, mas luta por mais de um dia, porque o peixe carrega o seu barco. Ainda não sei como termina. Pela sua determinação, deverá conseguir. Ele diz, para si mesmo: "Segure o peixe. Não se desconcentre nem um minuto". Teve que abrir mão de muitas coisas pelo peixe, e comeu durante o dia só pela necessidade do seu corpo; não tinha fome. Também eu tenho um peixe, e dói abrir mão de qualquer coisa por ele. Sei que em quatro meses, minha pescaria termina. Sei que o meu barco nunca estará sozinho e sei que nunca terei essa sensação de solidão, porque quem me guia e dá forças é muito mais forte que tudo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Beyond the eye

Todo atleta tem que superar obstáculos, todo bom aluno tenta alçar novos limites, todo mundo passa por testes. E quando sucedemos, não há nada que pague a sensação de vitória. Quando, porém, falhamos, lágrimas rolam, se não nos olhos, jorram de nossos corações (tal qual o viúvo de Garcia Márquez). É muito bom que exista alguém capaz de nos mostrar os erros, mas também de nos incentivar a reerguer-nos. Esta é a parte mais árdua. É quando a gente monta num pau-de-arara e xinga a terra, que a gente mais precisa de quem nos mostre o tanto de sustento que a mesma alma nos deu. Os fracassos ofuscam as nossas qualidades, de tal maneira que é impossível ao nosso surrado coração ver que somos algo além dos nossos erros. E há quem ainda complete a humilhação, nos fazendo sentir menos que o pó que somos, há quem não tente nos mostrar que temos valor. Além dos erros, além dos fracassos, mais além, além dos olhos, escondemos verdadeiros tesouros. São eles que, muitas vezes, conseguem nos fazer elogiar a terra pisoteada pelos outros. Quando não tem ninguém que faça este serviço, nós mesmos temos que arranjar força pra abrir os baús e, enfim, encontrar-nos.


Minha terra, além dos olhos, é preciosa. E eu sei disso muito bem.