quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A beleza em meus olhos I

Ao entrar naquele lugar cheio de formalidades, ela se sentia muito deslocada. Tratou de olhar logo para quem a recebia: um senhor de meia idade, paletó e gravata. Ela e seus colegas foram entrando, conversaram com o mocinho (tão novinho, ela pensou) que resolveria seus problemas. E os problemas eram simples: não havia como chegar à escola, que ficava do outro lado da pista. As crianças chegavam atrasadas e uma, inclusive, havia sofrido um pequeno acidente nos últimos dias, porque correu tanto para não ser atropelada, que acabou caindo de rosto na calçada. Ela conversou pouco com o moço; falaram mais seus amigos. Ao final, havia uma pequena lista de presença, onde as pessoas escreviam seu nome e o cargo que ocupavam. Uns homens sérios assinaram: juiz de tal vara, delegado daquela região, agente da polícia federal, etc. Os amigos dela assinaram o nome e nada mais. O cargo deles era nenhum. Pelo menos, eles pensavam assim. Ela, muito segura - porque ela sabia -, escreveu seu nome, que se tornou tão irrelevante e, ao lado, com uma escrita firme: "professora."