domingo, 29 de agosto de 2010

How great!

C.S. Lewis, contando sobre a sua turbulenta conversão a um amigo que se questionava sobre o ateísmo, disse o seguinte (que parafraseio): "Agora que a rede do Espírito Santo te pegou, não há mais saída". Russel Shedd diz que isso é um exemplo do que Paulo quis dizer em Filipenses: "Aquele que começou a boa obra em suas vidas há de completá-la até o dia de Cristo". Quando o Espírito de Deus habita em nós, de fato, parece não existir mais saída.
Sei que o pecado nos afasta de Deus, e é mesmo quando deixo minhas palavras saírem soltas, quando não controlo meu temperamento, enfim, quando a minha humanidade fala muito alto, que eu sinto perder a conexão que me é mais estimada no mundo. Mas Deus, tenho aprendido, não se cansa dos nossos recomeços. É como aquela estória de Beth Moore (the princess and her king), porque Deus sabe que erraremos muitas outras vezes, mas ele nos aceita sempre, nos quer sempre, porque somos seus filhos.
Ontem, na igreja, enquanto cantava, eu me lembrei mais uma vez como amo a presença de Deus. Como é bom poder louvá-lo, sentir e ver o seu amor tão grande. Não há nada no mundo que me complete mais e não há lugar no mundo que me dê mais alegria que o lugar onde eu posso adorar a Ele e só.
Queria que todos os meus queridos sentissem o mesmo e entregassem sua vida ao perene contentamento que só Cristo dá.

"Se eu tivesse que falar da grandeza do amor, teria que falar do amor de Deus que enviou seu Filho à cruz pra morrer em meu lugar. O amor é mais do que a fé, maior que a esperança: é o eterno dom de Deus. Sem amor, de que me serve andar? Seria como o som de um velho sino a ressoar. O amor é sofredor, ele é paciente e bom. Os dons de Deus um dia passarão, mas o seu imenso amor para sempre reinará."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

En rose, bleu, vert et jaune

Em todos os contratempos da vida, dos menores aos mais importantes, acabamos por aprender algo novo. Lembro que quando eu era menor, na entrada do meu quarto tinha uma tomada em que eu vivia enfiando o dedo, mas bem rápido, para me livrar do choque. Todos os dias, quando acendia a luz, fazia a mesma coisa, e durante muito tempo nada aconteceu. Até que um dia levei um tremendo choque, e nunca mais quis enfiar dedos em tomadas (sábia decisão, devo ressaltar). Se pego um ônibus errado, aprendo que não é aquele e não erro mais. Se como algo de que não gosto, não mais provo. Enfim, aprendo. Mas há coisas mais difíceis. Há mudanças maiores e mais repentinas. Eu, mesmo sendo ainda tão nova nessa arte que é a vida, já vivi situações que me abriram os olhos, e outras que me deram óculos de cores completamente diferentes. Uma delas foi o acidente de painho, quando os dias se enchiam ora de medo, ora de confiança, ora de angústia, ora de certeza, mas sempre de fé.
Depois que tudo ficou bem, restaram-me os ensinamentos, que eu acho que todo mundo acaba aprendendo - às vezes mais de uma vez - durante a vida. Acho que a gente aprende a dar menos importância às tantas obrigações, tão frágeis que somos e suscetíveis a qualquer acidente. Aprende a fazer o que gosta, a sorrir mais, a cuidar mais dos queridos e dos amigos, que são as melhores plantas que se podem cultivar. Aprende a ser menos orgulhoso, a confiar mais em Deus, que tudo resolve, e a admirar a vida, só porque ela é linda. A gente aprende a agradecer pelas coisas mais simplórias, pela companhia familiar de todo dia, que é tão importante, e a gente - bobo que é - nem sabe. E aprende esta, que talvez seja a mais importante de todas as lições: o presente é presente.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Passarei, passaremos, passarinhos

Imagine este cenário. Uma rua movimentada, com muitos carros, motocicletas e ônibus, que querem se mover, mas estão parados no tráfego. Dentro de um dos carros, uma mulher carrega seu filho que sangra muito, porque se machucou no colégio, e precisa levá-lo ao hospital, mas não consegue. No carro à sua frente, vem um jovem médico, apressadíssimo para chegar ao plantão, pois está cinco minutos atrasado. Pela rua, as pessoas andam, no ritmo moderno de quem olha para o relógio a cada dois segundos, porque está sempre perdendo tempo. Estudantes carregam seus livros, trabalhadores suas bicicletas, homens de negócios - os poucos que andam nas ruas - levam suas pastas de couro que querem traduzir uma idéia de importância, todos com uma urgência insana. Uns parecem felizes, outros tristes, outros nada. E eu, observando tudo aquilo, vi uma flor, como a de Carlos no meio do asfalto. Uma pequena, em roupas de balé cor-de-rosa, rodopiava segurando a mão da mãe, e ria da vida. Procurei nela, em vão, o que se desprendeu de mim - de nós - durante a vida. Mas cada existência é só. Não solitária, porque temos tantos companheiros, mas seule, unique, one-off, só.
Que a sua linda existência não escorra pelos seus dedos sem a beleza que vem do Céu e que nos permite ser como Deus quis: à sua imagem e semelhança.
Que você entenda e sinta os momentos de parar, porque, sem pausas, a correria da vida perde o sentido, e as ruas se tornam vazias.
Imagine esse cenário, essa vida, esse existir. É o que você quer?

"Não julgues que alguém viveu muito por causa de suas rugas e cabelos brancos: ele não viveu muito, apenas existiu por muito tempo."
(Sêneca, no cap. VII de Sobre a Brevidade da Vida)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Mes Maries

Houve muitos momentos da minha vida em que aconteceu o que hoje acabo de presenciar: ver minhas tias juntas. São de tantas partes e é tão difícil encontrá-las todas, mas parece que a ausência de uma ou duas, embora eloquente, é suprimida pela alegria das outras. Já as vi reunidas na tristeza, já as vi brigarem algumas vezes, e, quase sempre, vejo-as sorrindo muito quando estão juntas. Contam as histórias antigas, riem umas das outras, dos seus próprios fracassos e palhaçadas, das piadas de meu avô, sempre presentes. Mamãe já se incorporou à tribo, tanto que parece também irmã delas.
Têm, como todos os seres humanos, defeitos. Temos, como todas as famílias, erros, briguinhas e tudo o mais. Mas saber que se pode contar com o outro sempre; que, além das fronteiras ou da distância existe o meu sangue que me quer bem e que a risada é sempre garantida me faz pensar como é bom ter uma família que teima em ser unida, porque no momento da dor é aí que encontramos aconchego.
Quando ouço os apelidos de tia leleda (que teima em chamar as pessoas pelo nome das personalidades de Brejo, como se fossem super conhecidos), as reações engraçadas de tia lena, a serenidade de tia lolina, a dedicação de tia neuminha (ou o general, para os mais chegados), o nervosismo agitado de tia lucinha, o português-inglesado de tia betânia, a minha semelhança física em tia marilza, a quietude de tia fátima e a presteza de tia marluce, sinto que em mim há um pouco de cada uma delas (de algumas mais que das outras, é claro).
E como são queridos a mim os dias como este, em que vou dormir à 1h da manhã porque tenho muito sono, quando na verdade queria ficar conversando até amanhecer. Mas, como este blog se tornou, antes de tudo, um registro camuflado das minhas emoções diárias, não poderia deixar de registrar aqui a alegria que me enche agora.
Queria que vocês conhecessem as minhas marias :)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Reflexões jus-humanisticas

Muito me incomoda a questão dos direitos humanos, quando penso no multiculturalismo. Não falo tanto do Direito, que para mim é trabalho, e neste blog se encaixa desajeitadamente. Falo das próprias pessoas, que em situações-limite acabam agindo de maneira tão estúpida. Serei mais clara. Devem as mulheres muçulmanas usar a burca? Não sei. Muitas dizem que é opressão, outras que é a mera expressão de sua crença. Quanto a isso, oscilo entre um ponto e outro muito facilmente e não me incomodo muito pela indecisão. Mas devem elas ser apedrejadas? Ou melhor, deve aquela iraniana que tomou os telejornais ser apedrejada pela acusação de adultério? Minha indecisão de esvai e toda a minha consciência (ocidental, diriam os mais tolerantes, diria Lula) grita: "não!"
Infelizmente, embora seja linda a diferença de culturas, ela também é assustadora, por vezes. E eu me questiono sobre o que deve ser feito, mas essa resposta parece não existir.
Certamente, não é a de Lula, o presidente de vocês (meu, não!), que tira brincadeira cantando, enquanto os outros, ou melhor, a outra, se desespera com a ameaça concreta da morte.
Se não se pode fazer nada, se a política externa não tem solução, que ao menos na miséria se respeite a condição de pessoa e se lhe dê, enquanto espera tão cruel morte, um pouco de dignidade - se é que há alguma.

E que sejamos, todos nós, mais humanos, menos feras que fazem piada do choro alheio.
(E que saibamos escolher um(a) presidente que também o seja)