quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal é uma palavra que já tem pisca-pisca, não? É tão chique a festa que preparamos, com perus, sobremesas e vinhos. O que parece faltar, vez por outra, é o aniversariante. Não que eu queira contar os anos de Jesus como se Ele, de fato, os considerasse como nós, homens. Mas para quem entende que o natal é quando nós recebemos o melhor presente de todos (e deve ser para se lembrar disso que a gente dá tantos presentes), isto é, que o natal foi o dia em que Deus mandou o seu filhote que morreria por nós, a festa não faz sentido sem uma oração de agradecimento ou sem um desejo de bênção. Para os que, ao contrário de mim, não acreditam no poder da vinda de Jesus ou não acreditam em Deus, que o natal sirva como uma história de amor. Aliás, do amor.
Os finais de ano, além das luzes, trazem consigo alguma rima. É como se tudo terminasse e recomeçasse, como diz Quintana tão lindamente. Eu me lembro de que fiz uma lista, há alguns meses, de todas as coisas boas que aconteceram neste ano, mas penso que será um daqueles papéis que se perdem e depois trazem riso, quando são encontrados nas arrumações. Nele eu agradecia por ter passado no vestibular, na UFPB e na UEPB, pelo CAE, pelos acampamentos, por Londres, pela viagenzinha a Porto, pela recuperação de Papai, pela nova monitoria, pelo meu benzinho, pela calmaria que traz a tábua de marés, além daquilo de sempre, a minha mamãe-pedacinho-de-mim, Itamarzinho, a minha família engraçada e forte, os meus amigos queridos.
Termino, então, 2009, feliz, agradecida e esperançosa. Há nuvens mais altas à vista.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

(In)finito

Divirto-me bastante com os amores eternos. Não que não lhes creia. Acredito, porque já vi tanta gente que fica junto a vida inteira, mesmo com os problemas, e acredito porque vejo o meu vô, com aquele jeito seriíssimo dele, dar cheirinhos na cabeça de vovó, abraçá-la e dançar com ela. Encontro a graça nas declarações pueris de quem passa duas semanas juntos e diz que vai amar para sempre. A verdade é que, quando se é muito criança, confunde-se gostar com amar. Quem ama, ama mesmo quando não gosta, mesmo quando tem problemas, mesmo quando briga. Gosta-se por natureza, pela sensação boa; ama-se por decisão. Gostar pode ser instantâneo; amar é, necessariamente, uma construção.
Luís Roberto Barroso, um desses caras que a gente deve ler no Direito, escreve também prosa bonita e, falando do amor, diz o seguinte, com o que concordo sem adições:

Creio no amor apaixonado e cúmplice, que supera a paixão narcísica de cada um. O amor sublime, que não exige o rebaixamento do erotismo e nem o conformismo imposto - e não eleito espontaneamente - a certos deveres sociais e legais. Ainda nas palavras de Maria Rita Kehl: 'o amor sublime é o amor de escolha e, portanto, amor de liberdade. É união com base em afinidades eletivas e, portanto, uma aliança a favor, e não contra, o vôo de cada um pela vida.'
[E continua Barroso]: Quem ama, encontrou e se encontrou.

Quem me lê pode rir também da autoridade com que eu pretendo falar do assunto, eu que gostei muito, mas não sei ao certo o que seja o amor.
Parece-me que é preciso rotular menos, viver mais, ser transparente, para que, diferente do da cantiga, não seja vidro e nem se quebre o que pode ser amor.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

To babycakes

Anda, passa e corre
Muda e se transforma
Seja ela um drama
Uma trama
Ou nada

Os relógios livres
Marcam as passadas
Das que são amadas
Queridas
Ou nada

Os ventos certeiros
Levam com ardor
Os que têm um amor
Uma dor
Ou nada

Do banco de sempre
As escadas rolam
Eles dois se gostam
E as olham
E tudo

(Que admiremos o rolar da vida juntos)