segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Last Sunshine

O doce perfume que encheu aquele dia não se parecia com o insípido ar das outras tardes. Cheirava a alegria, felicidade, chocolate e morango. O céu estava rosa-alaranjado do pôr-do-sol, como se o Sol se fosse com pena - queria ficar mais tempo. As visões que preencheram aquela manhã foram singulares. Reencontravam-se, por acaso (existe?). Começaram a primeira conversa - sim, porque apesar de se reencontrarem, na verdade nunca se falaram. E ficaram embaraçados, suas bochechas coravam. Olhavam um para o outro, tentando esquadrinhar o que se passava pela cabeça do outro, e é como se conseguissem adivinhar, porque o diálogo era de um silêncio que se podia ouvir nas batidas do coração. Naquele momento, sua alegria era tão imensa que não se lembravam da espera nem da distância. Lembravam-se apenas do sossego com que o Criador os presenteava agora. Passaram o dia no êxtase da presença um do outro. Na alegria de escutar a voz um do outro. Na felicidade da parceria intelectual que faziam tão bem - mesmo que ele soubesse mais que ela. E o Sol era tão ameno que parecia acompanhar o clima suave dos dois. Andando pela praia, despediram-se do companheiro de um dia inteiro, com o saudosismo inerente aos amantes. E tinham a melhor das vidas, porque esperavam a lua. A melhor das vidas precisa de saudosismo e esperança, de saudade e sonho - e isso, meu caro amigo, os cúmplices de que falo tinham de sobra. E de sobra.