terça-feira, 2 de dezembro de 2008

La vie comme elle vient

Todo ser humano idealiza muitas situações na vida. Primeiro, sonhamos com o emprego ideal, a família perfeita, o melhor carro, um príncipe encantado (ou uma princesa, se você for um menino), mas nossos sonhos não são tão abstratos, já que têm as cores e formas previamente definidos. A lei das probabilidades diria que é improbabilíssimo encontrarmos todas as nossas idealizações, nas cores e tamanhos que queremos. Já é tão difícil encontrar um sapato tamanho 36 preto e bonito, imagine as nossas tão bem-elaboradas quimeras. Pensando nisso, muitas pessoas deixam os seus sonhos para lá e importam-se somente em viver a realidade. Eu admiro muito esse povo, porque, de acordo com as contas matemáticas, alcançarão objetivos palpáveis, realísticos, de verdade, chatos. Sabe o que acontece? Muitas vezes, os nossos sonhos passam na rua da nossa casa, batem à nossa porta e são recusados por nós, só porque vieram em vermelho, quando queríamos azul. Os franceses costumam dizer: "prend la vie comme elle vient", que significa "pegue a vida como ela vem", porque quase sempre é bem melhor do que você sonhava, e você começa a perceber que há Alguém aí fora que sonha melhor que você. Além disso, de tudo o que eu tenho visto por aí, eu só poderia concordar em todos os tons com Bandeira, quando ele escreve que a lei das probabilidades é uma pilhéria, sabe por quê? Tanto azul quanto vermelho são indescritivelmente lindos, tão lindos quanto os sonhos quiméricos, os sonhos dos sonhadores.