sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Já?!

Motivada pelo espírito de hoje, resolvi escrever uma carta para os meus coleguinhas, que enfentaram o Ensino Médio comigo, fazendo-o, no mínimo, indelével.

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“Pode a distância realmente separá-lo dos seus amigos? Se você deseja estar com alguém que você ama, você já não está lá?” (Richard Bach)

Darlings,

Vocês sabem que uma das coisas que eu mais amo é escrever, e é nesse pequeno conjunto de palavras que eu quero deixar gravado um pouquinho do que eu sinto por vocês. Primeiro, eu queria me apossar do slogan de JK, mesmo que ele tenha feito tantas barbaridades no seu governo, para dizer que nós quase vivemos 30 anos em 3 (ou menos, para os mais recentes). É muito difícil tentar falar sobre tudo o que passamos. Foram tantas confusões, tantas brigas, discussões, mas também tanto amor e tantas risadas para cobrir tudo isso. Dizem que amigo que não ri junto não sabe chorar junto. Nós, com certeza, aprendemos os dois. Seria inútil, trabalho vão, tentar dizer-lhes como cada um de vocês é especial para mim.

De Rafa, infelizmente, o que eu mais aprendi foi ausência, mas suas risadas contagiosas e a alegria estridente que parece sair de todos os seus poros estarão sempre na minha memória.

Ju (“do olho verde”, como ficou conhecida esse ano) é o retrato típico de uma brasileira, porque a felicidade dela é muito forte, é sempre riso, mesmo que esteja tudo ruim. É sempre samba, mesmo que nem tudo seja uma maravilha. Eu guardarei dela a linda satisfação de viver e, é claro, os “cala a boca, Nena!”

Juliana foi o melhor retorno do ano e ela, sem dúvidas, sabe e sente o quanto eu a amo e admiro, o quanto aprecio sua companhia e as lembranças tão antigas que temos.

O silêncio de Amanda me fala muito. Apesar de todas as suas leseiras, a sua sabedoria vai ficar sempre no meu coração. Ela emana a paz e o amor de Deus, o que é tão raro e precioso! Quando eu tiver uma filha, quero que ela seja como Almôndega.

Da minha amiga que viu um filme pelo rádio (ou era pelo telefone?), eu carrego muita história pra contar, uma preocupação ímpar com seus amigos, as situações inusitadas, as gargalhadas, o respeito que ela sempre exigiu (“olhe o respeito”) e um companheirismo sem igual, temperado com doçura, que talvez seja genético, porque o temperamento de Lua é mesmo, como diz o apelido, um pedaço do céu. Sempre me lembrarei das suas palavras medidas e do amor inerente aos seus atos. Além disso, lembrar-me-ei de que ela nunca deixa os seus sonhos para trás.

Minha mini-amiga, que de mini-amizade não tem nada, fará tanta falta, com suas músicas, amigos emo, cinqüenta milhões de fotos, histórias engraçadas e seu “Ca-amba”, que ela jura falar certo.

Vou morrer de saudades de Alinny e das suas demonstrações esquisitas de amor, que, felizmente, eu consegui captar. Até das provas de Pernambuco que ela me obriga a resolver e das redações que ela me dá para corrigir, da maneira como ela minimiza os problemas, diz bom dia, “ta-dam” e compreende a freqüência acelerada das minhas palavras. Acho que o texto que ela escreveu e as suas lágrimas de hoje são lindas expressões do vazio que sentiremos.

Dos lindos livros de Kriscieli e dos seus comentários sempre pertinentes eu me lembrarei sempre que eu ler alguma coisa. Ela inspira livros e expira cultura, mesmo sendo tão caladinha. Com o tempo, eu vi que também a amo muito, mas vou continuar dizendo pra ela parar de impedir meu caminho (haha).

Vou sentir falta do nervosismo de Larissa e de como ela grita e fala como uma criança. Também vou sentir falta daquelas aulas que a gente assistia de tarde. E do jeito que ela puxa o braço da pessoa e diz: “Vamos!”, no imperativo mesmo, porque quando ela quer uma coisa, nunca deixa muita opção.

De acordar cedinho para ir à escola, eu só vou sentir falta da companhia do meu dude, que muitas vezes foi o primeiro do dia a escutar meus conflitos e dizer: “Duuuude, don’t worry”. Mas nem peçam para ele dizer, porque ele “só diz se ele quiser, e aí?”. Flashpig me lembra todos os dias dele. Vitoca é quase uma amiga, para mim.

Gorgon sempre me ajudou muito, com aquelas músicas de igreja que ninguém nunca escutou, só ele, mas que tantas e tantas vezes me lembravam, no meio do frenesi total, que Deus estava cuidando de tudo. Além disso, eu nunca vou me esquecer das suas brincadeiras. Acho que ele vai ser uma criança de barba, para sempre.

Dos “E aí, fêmea?” de Breno, eu com certeza não esquecerei. Ele também tem um super acervo musical, e eu vejo o amor de Deus refletido na sua vida.

Até de Gabriel sentar na minha frente e ficar falando aquelas coisas difíceis eu vou sentir falta. Embora ele precise de um gráfico de uma integral para externar quase todas as suas idéias, eu poderia usar poucas palavras para dizer que, se eu tivesse uma lista de pessoas especiais, como ele tem, ele certamente estaria nela.

As músicas de Murilo antes das aulas à tarde – mesmo que ele só tocasse Titanic – vão fazer muita falta, e o jeito desajeitado que sempre ajeita tudo dele também.

De Talita e Carol, nem quero falar muito. Foram meus braços e minhas pernas quando eu não pude andar; assistiram às minhas lágrimas, às minhas quedas e aos meus fracassos da primeira fila, e quando eu estive muito triste, sempre conseguiram me apoiar e, ao mesmo tempo, ter uma brincadeira na ponta da língua. Começo a rir, só de lembrar. Me arrancaram risadas, quando não havia nenhuma delas dentro de mim. Comeram trezentas macarronadas do século passado comigo, assistiram a inúmeros filmes, se instalaram na minha casa e no meu coração, riram das minhas piadas super engraçadas e sempre condenaram meu conceito de perfeição (Hudson). Txuli eu conheço desde sempre, compartilhamos conflitos de todas as idades a sua companhia e os seus conselhos sempre foram muito importantes para mim. Carol, só há três anos, mas tornou-se essencial, para mim. Juntas, são a protocooperação perfeita. Quando aquela menina perguntou se éramos trigêmeas, talvez seja porque elas são mesmo um pedaço de mim. Não consigo nem imaginar viver todos os meus dias sem o seu suporte e amor.

Aliás, viver sem vocês todos vai me dar muitas saudades. Sei que, onde quer que chegarmos, teremos novos e bons amigos, mas essas boas lembranças, jamais as deixaremos. É muito provável que não nos vejamos todos os dias, mas amigo é sempre amigo, não importa o que aconteça nem quanto tempo passe. Vai ver Deise se muda pra Floripa, Vitoca vai trabalhar na Bolsa de NY e Gorgon, Murilo, Breno e Gabriel vão dançar forró em Campina todo dia. Pode ser que Ju Dentista, Ju Médica, Luzanna e Amanda construam um hospital (ou talvez Luzanna volte à sua carreira de Miss Alhandra, quem sabe?). Talvez Lua vire juíza, Carol consiga o emprego de nutricionista no Juliano Moreira, eu consiga ser uma advogada casada com um inglês e Txuli vá trabalhar em Fernando de Noronha. Talvez Kriscieli vá com ela, ou funde mesmo aquele cursinho de português (vai ser colega de Hudson!). Acho que Alinny consegue fazer cinco cursos, viajando para Hellcife todos os dias e Lalá vai trabalhar na Folha, em qualquer sessão que não seja a de fofocas. É impossível prever o que o destino nos trará, mas em meio a tantas especulações, há uma certeza, em mim, bastante forte: sempre que nos reencontrarmos, haverá festa; sempre que estivermos juntos, nossos sorrisos nos lembrarão de tudo o que foi bom. Eu vou sentir todas as saudades do mundo, tão-somente porque os amo como a irmãos.
Que Deus possa lhes dar cada vez mais alegria, riso e força e que Ele seja o melhor amigo de vocês. Haverá, ainda, muitos fins de percurso, algumas separações, mas Deus estará sempre conosco. Dele, não há nada que nos separe. Agostinho dizia que Deus nos fez para Ele, e, enquanto não descansar nEle, o nosso coração andará inquieto.
Amo-os muito,

Maria Helena