quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Riponga

O grande Oswaldo canta: "É preciso paz, pra poder sorrir". Hoje, mais que em qualquer outro momento da minha pequenina vida, eu o sei. Há decisões muito difíceis de se tomar. É um trabalho indescritivelmente árduo decidir mudar os planos que pareciam tão certos, ou esquecer quem não deve ser lembrado, ainda que seja aquele amigão do peito, que você achava que tinha. É chato, embora aliviante, dizer o que as pessoas, às vezes, precisam ouvir (ou o que você precisa dizer). É um exercício nada prazeroso, que mais parece aqueles push-ups que os instrutores obrigam você a fazer na academia. Difícil e chato, mas o único jeito de conseguir paz. Não aquelas gargalhadas escandalosas e falsas, não o desprezo do passado só para contemplar o presente (mesmo que ele, graças a Deus, seja cada vez melhor), não, nada disso: a mera sensação de paz.
É impossível senti-la depois de uma decepção, mas inevitável não tê-la, depois de colocar as cartas na mesa e explicitar nossas decepções, nossas angústias, nosso desprezo, enfim, o real sentimento. E, depois de aliviada a bagagem da nossa alma, olhar para um querido amigo e cantar: "É preciso paz" (abrindo, sem perceber, o maior dos sorrisos, daqueles que vêm do seu interior, quase saltitando), para, depois de um abraço, escutar o outro pedaço da música: "pra poder sorrir", vindo dos lábios de quem se ama, ao som da voz de quem se ama, porque o amor é o que a gente descobre onde menos espera. Mais lindo, precioso, guardado e em paz.
Então, não é tão difícil entender o Peace and Love dos hippies, não é mesmo? Tem tudo a ver. Tudo a ver mesmo.

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"Não é você quem vai me dar na primavera as flores lindas que eu sonhei no meu verão."
(Flávio José)
Afinal de contas, o verão começa agora!