quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Bem-olhar

Li uma página muito curiosa, na internet, sobre as últimas frases de pessoas famosas antes de morrer. A mais breve foi a de John Locke: "Basta!" Breve e forte, não? Há umas tragicômicas, como a de um rei da Prússia, cujo nome não me recordo, que pedia que lhe enterrassem junto com os seus cachorros. Outro rei, de quem também não lembro o nome (sou terrível com nomes), disse apenas: "É só isso, a morte?"
Adam $mith viveu pela sua teoria até o último suspiro: "Liberdade até a morte". Será que ele tinha alguma esperança de ir pro céu?!
É muito engraçado que, com um conjunto ou apenas uma palavra, as pessoas consigam expressar o que foi a vida, para elas. Há os otimistas, que crêem na eternidade, e nem se incomodam muito com a morte; há os outros otimistas, que são gratos, viveram bem, e há os que agradecem o fim do martírio. Quando terminei de ler a todos (é uma lista imensa), fiquei pensando em quão poderosos somos, em relação à visão que construímos da vida, que pode ser uma música ou uma senzala, só dependendo dos nossos próprios pensamentos. É preciso olhar bem para a vida, ter um bem-olhar por ela, porque este olhar pode torná-la ainda mais fascinante. A última passagem que eu vi foi de uma poeta que disse: "Abram a janela! Eu quero ver o mar". O comentário do autor era de que a pobre mulher estava delirando. Eu deliro todos os dias.
Sir Horatio Nelson, que lutou em Trafalgar, terminou sua emblemática existência com os seguintes dizeres: "Cumpri o meu dever, agradeço a Deus." Eu também quero chegar ao fim dos meus dias e olhar para o meu Criador com mãos e consciência limpas. Quero poder dizer-lhe que cumpri os seus mandamentos e dei-lhe cada respirar da minha vida. É tudo o que eu mais quero e é tudo o que eu consigo pensar, ao considerar a morte. Ou talvez eu simplesmente dê um pulo de alegria. Se a vida já é tão boa, já imaginou como será a eternidade?