sexta-feira, 21 de novembro de 2008

On Cloud Nine

Quando eu crescer, penso em muitas coisas. Quero morar em um apartamento não muito grande, mas que tenha espaço para uma biblioteca e um piano, que eu vou aprender a tocar. Quero ser advogada ou professora e falar cinco línguas fluentemente, mas com um sotaque bem brasileiro. Quero ser uma mulher virtuosa, como aquela de Provérbios 31, e nunca deixar de ir para a igreja ou fazer as coisas do Senhor. Quero aprender com os meus erros, e me tornar uma pessoa madura, mas não quero perder essa vontade pueril de sair dançando, cantando e gritando, por aí. Quero, assim como agora, correr para o mar, na primeira oportunidade, e viajar para Brejo sempre que puder (quero que os meus filhotinhos conheçam as origens do meu pai). Quero aprender a sabedoria da minha mãe, a tranqüilidade de vovó e fazer um curso de leitura dinâmica. Quero ter muitos sonhos, até quando eu estiver bem velhinha, e lutar sempre por eles. Quero aprender umas três frases em árabe, para conversar com as minhas amigas, que eu também quero ter para sempre.
Quando eu crescer, não quero deixar de brincar de pega-pega, esconde-esconde, forca, adedonha nem máfia. Quero ser sempre aquela que diz: "Vamos brincar?" porque a vida sem brincadeiras não tem graça, e eu quero que a minha seja sempre um gracejo, apesar dos problemas.
Quando eu for bem grande, vou escrever um livro, em papel reciclado. Vou continuar pulando em cima dos meus amigos, quando os encontrar, mesmo que isso implique em uma blusa melada de refrigerante. Vou continuar saindo com mainha, pelo menos uma vez na semana, e não vou adquirir o costume horroroso de trabalhar ou estudar aos domingos.
Eu não vou mudar o mundo, mas pretendo fazer um pedacinho, mesmo sabendo que é só como aquele passarinho que levava as gotinhas de água no bico, para apagar o incêndio.
Quando eu crescer, quero ser ainda mais idealista, ainda mais sonhadora, ainda mais quimérica, porque eu acredito que os nossos sonhos podem mudar alguma coisa, se não no mundo, pelo menos em nós mesmos. Mas, ainda mais, quando eu crescer, eu quero ter os pés no chão. Será que eu cresço o suficiente, para que eles o alcancem? Não sei. Talvez ninguém precise do chão. Não quando está na cloud nine.