quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Édipo

Minha mãe, e eu já o disse incontáveis vezes, é uma criatura muito forte. Na fila de distribuição da força, ela era, sem dúvidas, uma das primeiras. Deus foi muito gracioso com ela. Papai também é um lutador exemplar, nessa vida que Gonçalves Dias chama combate. Embora eu adore exaltar-lhes as características (sou uma filha muito babona), hoje eu só quero falar da alegria que encheu o meu coração quando painho chegou de viagem.
Meus amigos estão cansados de saber o quanto meu daddy-dude viaja. Tem vez que me perguntam e eu nem sei onde ele está. Vim descobrir que Oman era um país quando ele chegou em casa dizendo que sua próxima viagem seria para esse mini-lugar no Oriente Médio.
Como ele sempre viaja, estou mais ou menos acostumada à sua ausência temporária, mas, descobri, esse ano mais que nunca, que não consigo me acostumar aos fins-de-semana sem ele. Embora minha mãe seja a mais divertida das criaturas, ela é ainda melhor com ele. Painho conta as melhores histórias, tem as opiniões mais contrárias e conhece de tudo. Ele sempre faz os problemas parecerem mais simples do que são.
Quando ouvi as batidas na porta, segunda-feira, deixei tudo o que estava fazendo, só para correr, pendurar-me a ele e dizer: "daddy-dude!" Eu não queria mais soltá-lo. É nesses momentos que ainda me sinto uma criança, um pintinho na selva, um baby-humano. Quando o abracei, lembrei-me do poema de Lya Luft, aquele em que ela fala do retrato que ela via, seu e de seu pai. Do mesmo jeito, eu também, olhando aqui para o meu porta-retrato que tem uma foto de 1996, penso: "parece que ela nunca vai mudar".
Logo eu, esta metamorfose?!

~

"Viver é lutar
A vida é combate
Que aos fracos abate
E aos fortes, os bravos,
Só pode exaltar."
(Gonçalves Dias)