quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Objetividade

Enquanto descia os degraus, não pensava em nada além do que faria ali. Veria a praia todos os dias, leria os livros que quisesse, teria paz. A tranqüilidade era tanta que, quando levantou os óculos escuros e deu a mão à aeromoça que a ajudava com a escada, o passado não lhe doía. Havia escutado músicas no fim da viagem, dormira, e agora, vendo aquele pôr-do-sol do lado de fora do avião, sentia vontade de dar risadas, como uma criança despreocupada. E um riso até se esboçou no seu rosto, mas teve medo de que, nesse riso, houvesse alguma crueldade. Não queria rir da má sorte de ninguém. Quando viu aquele sol, só pôde pensar que discordava um pouco de Exupéry, quando ele diz, no pequeno príncipe, que quando estamos tristes adoramos o pôr-do-sol. Ela gostava deles sempre! Ao caminhar para o saguão, sentia, cada vez mais forte, a firmeza desse pedaço novo da sua vida. Não tremia, nem duvidava, pelo contrário, a certeza era o traço inerente ao seu semblante, aos seus trejeitos. Quem a visse de longe, talvez não lhe conhecesse os cabelos curtos ou as roupas coloridas, mas qualquer um não hesitaria em dizer que era uma mulher decidida.
Pegou suas malas, passou no Duty Free e comprou uns chicletes coloridos, que lhe lembravam sua infância.
É verdade que, do avião, descia só, mas, quando saiu no desembarque, teve a maior surpresa de todas.
(...)
Saíram todos abraçados, do aeroporto. O 3510 ficaria para a próxima semana. Nesta, assistiriam à Bela e a Fera. Havia muito a discutir, e que saudades tinham daquelas conversas, daquelas manhãs.