sexta-feira, 14 de março de 2008

Só faltava essa!

http://www.cbl.org.br/content.php?recid=3749

Krásis. Do grego: adição, fusão. Junção de duas vogais “a”, herdada deste idioma para o Português, como tantas outras palavras. Incorporada ao quotidiano e às ações triviais. Comum, normal para nós, brasileiros. Uma particularidade da língua, certamente; todavia, passível de aprendizagem, como tudo o que é conhecido até agora.
A proposta de Hermann exclui a existência de itens mais trabalhosos para aprender-se que a crase, os quais são compreendidos por nós, através do estudo. Sempre que se tratar de idiomas, haverá dificuldades. Todos eles necessitam de esforço e dedicação, e, até hoje, nunca presenciei pessoas alcançando êxito descartando dificuldades, o que é, puramente, o que a proposta do deputado João Hermann Neto almeja.
Ao mencionar que o acento grave, usado para designar a crase, “humilha as pessoas”, creio que o deputado esqueceu por um momento do que realmente faz dos indivíduos menosprezados. Fome, ausência de oportunidades, segregação social, racismo; será que ele já ouviu falar nisso? Um grande percentual da nossa população vive em condições subumanas, indignas; estes homens e mulheres, ingenuamente, acreditam no poder de transformação do nosso país, e elegem governantes que a possam realizar. Entretanto, parece-me que o deputado, ao invés de interessar-se por medidas educacionais que poderiam ajudar as parcelas menos favorecidas, está preocupado com uma minoria letrada que acha inútil o uso da crase.
Além de tudo, as entrelinhas da proposta mostram que esse “país de todos” não quer que todos alcancem um nível intelectual superior, mas quer rebaixar nossa gramática ao nível dos iletrados. De qualquer forma, se algum dia a crase tiver que sair do nosso uso diário (como os acentos diferenciais, para a simplificação do idioma), que os gramáticos optem por retirá-la, se o julgarem necessário; não creio que nossas vidas serão afetadas gravemente por isso, muito menos que devemos deixar de lidar com a conjuntura real de subdesenvolvimento em que nos encontramos para discutir assuntos tão frívolos. Homens eleitos com o propósito de serem paradigmas para o país, tornam-se, ao meu ver, uma vergonha para a Nação; não consigo entender como conseguem se preocupar em tirar um acento da língua, enquanto existem crianças morrendo de fome, sem esperança de futuro.
O próprio vagabundo do Hermann devia pegar a porcaria da gramática e estudar as duas páginas do assunto de crase. Ah, esqueço-me. É muito esforço pra quem está acostumado a fazer nada e ganhar os salários mais altos do país.
Será que dá para tirar os políticos inúteis em vez da crase?