sexta-feira, 16 de maio de 2008

Waves, Talvez.

Dizem por aí que amamos aquilo com que nos identificamos, apaixonamo-nos por aquilo que uma parte de nós quer ser. Quem me conhece sabe como eu amo o mar e que, sempre que tem companhia, deixo sem hesitar a academia por uma caminhada, só para vê-lo (é tão lindo, não?). Perguntam-me se gosto de praia: digo não, mas o mar sim, me fascina. Baudelaire dizia que isso é coisa de homem livre, gostar do mar. Não sei. Sou livre ideologicamente, sim, por Jesus, mas ainda tão presa às minha dúvidas e planos, que não sei se é o meu caso. De qualquer forma, o mar é, para mim, um reflexo da vida, e creio que seria o melhor praticante da teoria agostiniana de ensinar sem palavras. Passei a minha (ainda curta) vida viajando de praia em praia, coisa de mainha - foi dela a herança, indubitavelmente. Em todas as viagens, paramos e olhamos as ondas, e, de praxe, mamãe canta "tudo muda o tempo todo no mundo". Tais momentos, guardo-os todos em meu coração, e são tão preciosos; minha mãe é sábia. Mas, voltemos ao mar. Acredito que as pessoas se assemelhem às praias. Sei lá, não há razão em tudo o que escrevo. Umas pessoas são calmas, outras frias; umas são conturbadas, outras fervorosas, e mil comparações se seguem... A praia que amei, faz uns quatro anos, mas nunca esqueci: Praia do Sancho. A primeira coisa de que me lembro é do longo caminho até chegar lá: nem todo mundo conseguiu, muitos voltaram no meio do caminho. Aquela praia não era pra todos, eles não a entenderiam. Na costa, não tinha muita gente, no fundo, menos ainda. A água era tão gelada no raso, que quase ninguém queria entrar. Eu e papai entramos, e vimos que, mais ao fundo, era uma água acolhedora. Além disso, eram calmas aquelas águas. Vendo-as, era impossível prever tudo o que havia lá dentro. Sim, eram imprevisíveis aquelas águas, também. Vez por outra, as ondas se tornavam violentas, e ninguém sabia por que. Sei que essa força varria o mar, talvez o tornasse mais limpo. Acho ainda, que de vez em quando, como todos os mares, recuava - não estava pra ninguém. Gostei daquela praia. E há tantos turistas, que vão e vêm, e poucos a entendem. Ela, entretanto, permanece bela. Quem sabe queira ser entendida? Quem sabe goste de ser um mistério? Quem? Quem sabe?
Ninguém. Cada um só sabe de si - basta.

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"Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo. Tudo muda o tempo todo no mundo. Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo agora. Há TANTA vida lá fora. (...)"