segunda-feira, 26 de maio de 2008

Subjetividade

Hoje foi um dia comum: aulas pela manhã, descanso depois do almoço, estudo, estudo e estudo. Entre um estudo e outro, Yago ligou para me dizer que estava passando na televisão o filme "Quando Nietzsche Chorou", baseado no livro de mesmo nome, que li recentemente. Parei por uma hora (peguei o filme pela metade) e assisti-lhe. Nietszche era mesmo meio louco, como diz a maioria das pessoas, mesmo assim, pude lembrar-me das proposições inteligentes feitas por esse filósofo (deduzidas, é claro, pelo autor do livro). Em uma das cenas a que assisti hoje, ele dizia para o Dr. Breuer: "Você viveu a vida? Ou foi vivido por ela? Quem escolheu o seu destino?". O médico, honesto, olha para ele e diz: "O meu destino estava lá. Foi como um acidente."
Luto, todos os dias, para que o meu destino também não seja um acidente. Sei que Deus tem planos para mim, mas refiro-me à parte do futuro que está ao meu alcance. Ficar sentada de braços cruzados poderia me levar a algum lugar, talvez, mas, no presente, o estudo é a única coisa que vejo poder me dar alguma escolha. Sei que é a partir desse esforço de agora que as portas podem se abrir, e não me refiro ao lado financeiro nem social das coisas. Felizmente, nunca precisei ter essa preocupação (nunca fui rica, também). Estudo, como diria Humberto (a propósito, tenho detestado suas aulas, ultimamente) "pelo simples prazer de aprender". Além disso, fui influenciada. Não há um dia que eu chegue em casa em que meus pais não estão lendo alguma coisa. Minha mãe, já me convenci, não pára mais de estudar. E (confesso), embora não tenha muita vaidade social, sou vaidosíssima intelectualmente. Penso que as mentes devem ser cultivadas à exaustão - a nós, foi dada a capacidade.
Em outra parte do filme, Nietzsche perguntava que faria o médico se a vida fosse como uma ampulheta, que se repetisse inúmeras vezes, exatamente iguais à primeira. Pensei, novamente. Para ser honesta, pensei que viveria muitas aventuras, viajaria, e me veio à cabeça aquele painel de primavera eterna. Depois, pensei que amo a minha vida, just the way it is, e que se fosse vivê-la mais mil vezes, adoraria vivê-la assim mesmo. Acho que não importa o que se faça, mas importa encontrar satisfação no que se faz, e eu encontro. E como encontro!
Outro fato interessante foi que, depois de minhas células estarem preto-e-brancas e eu não conseguir mais estudar nada (sempre tenho, nos finais dos dias, essa vontade de parar), entrei no meu banheiro e, no espelho, além do casal de girafas que tenho, e da minha imagem (que se transforma tanto), havia, em letras infantis: "Love you, dude!" O mais fantástico de Itamarzinho é que ele consegue me mostrar, da maneira mais simples e inofensiva, o que realmente importa. Porque entre meus pensamentos, impressões, estudos e almejos, o que realmente me faz satisfeita é saber que sou amada e que tal amor independe de minhas conquistas.