segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Você não vale nada, mas...

Em um curso sobre teoria feminista do direito, ouvi um professor dizer o seguinte: "ser feminista é reconhecer que as mulheres às vezes estão em posição inferior às dos homens pelos mesmos esforços, entender que isso não está direito e engajar-se para mudar a situação."
Embora acredite na moderação, sei que muitas vezes, por suas opiniões políticas, as pessoas precisam tomar posições drásticas. Assim aconteceu com os chamados terroristas de esquerda, durante a ditadura (e assim, com Dilma, nossa horrorosa candidata à presidência, a quem reputo muitas falhas, mas não essa) e acontece com algumas mulheres que sentem tão fortemente o peso da opressão que se dispõem a romper com tudo. Assim aconteceu nos meados de 1850, em Nova Iorque, quando aquelas tecelãs entraram em greve porque recebiam três vezes menos que os homens pelo mesmo trabalho e foram assassinadas.
Ao longo da História, foram muitas as que se lançaram à luta para que hoje eu pudesse ir à Universidade, para que eu pudesse ter amigos homens sem que me acusassem de prostituta, para que eu pudesse falar em público, para que eu pudesse estar aqui, agora, escrevendo sem medo.
Se eu não tenho um pingo de respeito próprio, que eu respeite, então, a luta e o sangue alheios. Dramático, não? - c'est la vie.
Pois bem, vamos ao que interessa: desde muito pequenininha, escuto forró. Encanta-me Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Petrucio Amorim e por aí vai. Papai, com suas origens brejeiras, nunca nos poupou do bom ritmo. O que me irrita são as pessoas que vivem chamando suas músicas inescrupulosas a respeito de prostituição e sexo 'forró'.
E que não me critiquem por abominar esse dejeto a que chamam música. Não é "uma questão de gosto". É uma questão de mínimo de respeito.
E esse ultraje brasileiro é reconhecido internacionalmente. O comitê para a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, em relatório sobre o Brasil, fala continuamente de uma mídia, legitimada por nós, mulheres, que nos coloca como objeto de consumo, que agride a nossa imagem, que faz de nós lixo ou nada.
Então, minha querida, da próxima vez que você ligar o seu forrozinho machista, lembre que alguém já morreu se defendendo disso. Ou não lembre - talvez você não consiga valer nada mesmo.