quarta-feira, 25 de agosto de 2010

En rose, bleu, vert et jaune

Em todos os contratempos da vida, dos menores aos mais importantes, acabamos por aprender algo novo. Lembro que quando eu era menor, na entrada do meu quarto tinha uma tomada em que eu vivia enfiando o dedo, mas bem rápido, para me livrar do choque. Todos os dias, quando acendia a luz, fazia a mesma coisa, e durante muito tempo nada aconteceu. Até que um dia levei um tremendo choque, e nunca mais quis enfiar dedos em tomadas (sábia decisão, devo ressaltar). Se pego um ônibus errado, aprendo que não é aquele e não erro mais. Se como algo de que não gosto, não mais provo. Enfim, aprendo. Mas há coisas mais difíceis. Há mudanças maiores e mais repentinas. Eu, mesmo sendo ainda tão nova nessa arte que é a vida, já vivi situações que me abriram os olhos, e outras que me deram óculos de cores completamente diferentes. Uma delas foi o acidente de painho, quando os dias se enchiam ora de medo, ora de confiança, ora de angústia, ora de certeza, mas sempre de fé.
Depois que tudo ficou bem, restaram-me os ensinamentos, que eu acho que todo mundo acaba aprendendo - às vezes mais de uma vez - durante a vida. Acho que a gente aprende a dar menos importância às tantas obrigações, tão frágeis que somos e suscetíveis a qualquer acidente. Aprende a fazer o que gosta, a sorrir mais, a cuidar mais dos queridos e dos amigos, que são as melhores plantas que se podem cultivar. Aprende a ser menos orgulhoso, a confiar mais em Deus, que tudo resolve, e a admirar a vida, só porque ela é linda. A gente aprende a agradecer pelas coisas mais simplórias, pela companhia familiar de todo dia, que é tão importante, e a gente - bobo que é - nem sabe. E aprende esta, que talvez seja a mais importante de todas as lições: o presente é presente.