domingo, 27 de junho de 2010

É vivível?

A nova (?) loucura das pessoas é fazer milhões de coisas. Não vejo mal nisso - eu mesma faço um bocado. Mas quando nos tornamos escravos dos nossos objetivos materiais, esquecemo-nos de uma parcela da vida: viver. Eu tenho uma tia engraçadíssima - e queridíssima - com quem eu conversava um dia desses, falando sobre uma conhecida nossa que eu havia encontrado por aí. Eu disse: "Tia, ela trabalha tanto. Sai de casa às sete da manhã e chega às sete da noite, direto. Disse que está ganhando muito dinheiro." Ao que titia perguntou: "E gasta quando?"
Pensei, na hora, que não gasta. Não ela. Quem aproveita a maior parte do seu dinheiro é o marido, são os filhos, nas incontáveis saídas, nos carros novos, nas viagens. E são todos novos e bonitos, vivem na academia, enquanto ela, que deve ter uns 45 anos, parece ter quase 60.
Mas toda essa tentativa desenfreada, ou vício, pelo sucesso, acaba esbarrando em uma parada da vida. Sim, porque ou paramos por bem, ou por mal. Para por bem quem faz uma oração, lê um livro, assiste a um filme, passeia, vê o mar, conversa com os queridos pacientemente (na correria não serve). Quem se recusa a se reabastecer, a se renovar, será, inevitavelmente, assaltado por uma depressão, por uma doença causada pela falta de cuidado (no corpo, na alimentação) ou pela morte - quem sabe?
O fato é que precisamos, a cada dia, saber que somos humanos, pequeninos, frágeis, como vento passageiro, e que não, não podemos fazer tudo. Temos necessidade de descanso, de ócio contemplativo, de admirar a vida, o que é, em última análise, vivê-la verdadeiramente.

"Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio"
(Sl. 90:13)