domingo, 20 de junho de 2010

All sides

Uma das razões por que é tão difícil amar é que para isso, é preciso completude. O amor, como tudo na vida, tem fases. Primeiro são olhares, depois conversas, mais conversas, uns beijos e abraços, que são o contato físico que se tem antes de se casar (pelo menos para os mais ortodoxos, grupo em que me incluo muito facilmente). Quando se casam, as pessoas têm a fusão de suas mentes e espírito concretizada em seus corpos, mas após algumas décadas, algo cessa. O vigor físico não é mais o mesmo, as mulheres - e também os homens - ganham rugas, a beleza do corpo vai passando, tão efêmeros que somos. E o amor carnal que era tão efusivo vira só uns amassos, depois uns beijos e, quem sabe, vai se transformar naquelas conversas primeiras, em que importava a companhia - e só. Não digo que haja mal nisso tudo. Pelo contrário. Digo que só pode amar para sempre quem aproveita cada parte do amor e quem, desprovido de um de seus viéses, não o deixa de lado. Tive um amigo muito engraçado e muito querido que me dizia que precisava se casar porque não aguentava mais viver sem sexo. Eu ri muito, naturalmente, porque é divertida a declaração tão espontânea, mas pensando nisso, depois, concluí que era triste, a afirmação. É preciso gostar de quem se ama por inteiro e sempre. Se a vida, como diz a sabedoria popular, é uma roda-gigante, o amor é uma montanha-russa, e quem não aperta os cintos, principalmente quando está de cabeça para baixo, não completa a jornada. Para amar, precisa-se tanto de pulso quanto de coração, e pouquíssimos temos o suficiente.