quarta-feira, 30 de março de 2011

Pontos, contrapontos, contracontrapontos e vírgulas.

Um dia desses, conversava com Danilo, um de meus colegas de sala, metido como eu a escrever - só que ele, muito mais arriscado, faz poesia - quando nos vimos num impasse. Eu que, como se pode notar de minha escrita, procuro ter opiniões moderadas, mas quase nunca consigo, fui correndo me assegurar de que eu e ele ficamos bem - concordando em parte e discordando em parte. A resposta foi que sim, claro que tudo bem, porque, como dizia uma frase que ele lera no mesmo dia, é conversar com quem discorda da gente que enriquece. Verdade pura. Acredito que o aprendizado - não só das técnicas, mas acima de tudo da vida - vem com a inquietação. E a inquietação vem com o contraponto razoável. É pensando no que de diferente pensa o outro que a minha visão de mundo pode se alargar, e - quem sabe - minhas opiniões podem mudar. Não quero dizer ser a metamorfose ambulante de Raul Seixas, porque, embora poeticamente linda, implica muita volatilidade para uma vida só, e o meu espírito, que tem várias convicções inegociáveis, não é preparado para isso. O que quero dizer é o resto da música: não ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Principalmente, "sobre o que eu nem sei" ou sobre o que eu penso que sei. É na dialética - em aceitar a crítica e a visão alheia - que podemos aprender, martelar nossa cabeça para um lado e para o outro, e opinar considerando e conhecendo o outro lado. Esses são, certamente, os argumentos mais bonitos e fortes.
Como meu amigo, quero aprender a valorizar, cada vez mais, quem pensa diferente de mim.