terça-feira, 15 de março de 2011

A mudança que eu quero s/ver?

Somos uma geração de grandes críticos. Na verdade, nosso jeito ranzinza de ser é muitas vezes a nossa conexão com o mundo. Um exemplo são as conversas de elevador. Se vamos ao segundo ou ao terceiro andar, tudo bem, nem falamos com as outras pessoas, mas quando seguimos a andares mais altos e o silêncio se torna pesado – é muito difícil compartilhar a quietude com estranhos – logo descobrimos que os outros são tão descontentes quanto nós. O calor é grande, a política é nojenta, a desigualdade social é tremenda. Reclamamos o tempo todo. De fato, trivialidades à parte, o mau exemplo que nos lançam as elites políticas do nosso país é às vezes não apenas assustador, mas sobretudo triste. Contudo, cruzar os braços em caras e bocas de grandes críticos da vida também não compõe uma boa vitrine. Passar pelo mundo flutuando sobre opiniões fortes a respeito de tudo parece relativamente fácil, não concordam? Difícil é tentar colocar os pés, ou um dos pés, no chão, enfrentar a realidade – dura e linda como ela é – e agir. Que mania temos nós, eu e meus colegas estudantes de Direito do CCJ, de falar mal dos professores faltosos e da ausência de informações, e como nos falta a coragem de agir, porque já prevemos a grande burocracia, a impossibilidade de tudo. Deixamos de tentar, muitas vezes, porque fazemos caso não só do passado, mas somos envolvidos pela crítica que se projeta ao futuro.

E precisamos falar. É imprescindível que nos lembremos constantemente de que talvez a vida seja menos fácil que comemorar ter passado no vestibular. Mas temos que fazer também. Há dois discursos que me enojam de uma maneira que eu talvez não consiga dizer em palavras. O primeiro é o do extremista que vê erro em tudo dos outros e julga suas opiniões e sua concepção de mundo infalíveis e portanto não consegue ouvir o outro, muito menos respeitá-lo. O segundo é o do típico político brasileiro (e como formamos tantos todos os dias!), que vê o erro mas não tem coragem de enfrentá-lo, porque é melhor conversar ou deixar pra lá. Esse, com uma vozinha mansa e um tom de superioridade, diz que tudo se resolve sem afrontar o professor, pra gente não se prejudicar, e que, se você pensar bem, melhor mesmo é nem ter aula, que a gente pode vagabundar como bem entende. Que nunca me peçam votos, os desta última estirpe, porque para mim são as crias dos piores crápulas que temos visto na política brasileira.

O desafio, portanto, parece-me ser este: agir (com certeza), mas ter os pés firmes e os olhos bem abertos, tanto para ver a muitas vezes dura realidade, quanto para tentar, de alguma maneira, mudá-la. Por fim, ainda mais difícil parece-me ter os ouvidos fechados às insistentes vozes que dizem que nada muda, e a vida é assim mesmo. Absolutamente. Tudo muda. Se não muda para melhor, piora - pode acreditar.