segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Elogio das faces limpas

Enganamo-nos a nós mesmos. Nosso futuro é tão cheio de planos que nos é difícil encarar quem realmente somos agora: bem-sucedidos ou não; amigos ou não; sinceros ou não. Vivemos a pensar e dizer aos outros que seremos isso ou aquilo, que queremos um emprego, que milhões de coisas. Mas na verdade, quem é você hoje? Dos planos que você fazia há dois anos, quantos completou? Ou será que viverá a projetar futuros que nunca chegam, a planejar realidades que não se concretizam, a fazer parte de um espetáculo cujo único que crê no destino é você? Ou você acha que quem vai ao circo acredita no número tanto quanto o palhaço? Aliás, como é lindo o palhaço, sua maquilagem contente que nos faz querer esquecer os problemas do mundo e admirar as cores, a arte, o que a vida pode ser. Com certeza, essas criaturas alegram mais que muitas dessas igrejas de nossos dias.
Ao fim do dia, porém, os palhaços tiram suas pinturas fora, e prefiro imaginar que olham bem dentro do espelho, para os seus olhos, lembrando-se de quem verdadeiramente são. E você, menina, moça, mulher, com seus quilos de maquilagem que a tornam irreconhecível? Você sabe quem é? Depois de tanta base e tanto pó, você ainda se lembra da sua face, da realidade? E você, menino, rapaz, homem? Existe de verdade, ou é só uma autoilusão?
Debaixo de tanta pintura, de tanta aparência, de tantos planos, você consegue se enxergar? Consegue ver quem é, de verdade? E gosta do que vê? E muda? Ou simplesmente reforça a maquilagem?
Be something true.