quinta-feira, 3 de abril de 2008

Há de se ter cuidado com tudo o que se diz. Nossas palavras são compromissos selados, que não voltam atrás. Pode-se consertar de um lado, querer emendar do outro, mas não há como retirar o que se diz; não existe maneira de uma bala retornar à arma, as flechas não voltam aos arcos.
Os homens da minha família, com sua forte influência sertaneja, sempre disseram que tudo o que um homem tem é a sua palavra. E o afirmam com tal firmeza, de modo que ouvi-los é respeitá-los. Cresci vendo todas as promessas que me foram feitas realizarem-se, mesmo que fosse um sorvete ou uma volta no shopping - que eu tanto adorava, lembro-me como se fora ontem (e não fora mesmo?). Sempre foram intolerantes, nunca descumpriram uma promessa. Mainha, que também é uma "mulher macho", como dizem por aqui com as mulheres fortes, nunca faltou com a palavra. É lógico que foram realistas, só prometeram o que cumpririam.
Quando lembro disso, lembro também que os admiro um bocado, admiro sua honra, mas penso que devo ter cautela com as promessas que faço. É tolice prometer amar alguém para sempre, por exemplo. É, também, estúpido, prometer algo para daqui a anos, quando não temos o mínimo controle sobre o amanhã.
Devemos, sim, falar, dizer, prometer, expressar-nos. Do mesmo modo, devemos lançar os dardos com precisão: nem sempre podemos nos explicar, quase nunca há outra chance.

(Não sei se amar-te-ei para sempre, mas prometo amar-te hoje, é o que posso cumprir)