sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tenho pavor a escuro. Quando todas as luzes se apagam, parece que perdemos o controle, simplesmente não sabemos o que está acontecendo, não podemos saber. O escuro, para mim, lembra a ignorância dos homens, no sentido literal da palavra: as pessoas simplesmente não sabem o que acontece. Acostumamo-nos a contar as horas, marcar compromissos, mas o que é o tempo? É muito comum acendermos e apagarmos lâmpadas, mas o que é a luz? Vamos a teatros, cinemas, museus, mas o que é a arte? Frequentamos, inclusive, as igrejas, quando tantas vezes nem sabemos quem é Deus. "Por quê?", eu me pergunto. A essência do ser humano é investigadora, é curiosa, mas temos matado aquilo que nos é inerente, e a arma do crime se chama comodismo. Ele, por si só, vence multidões.

".. pois os homens começam e começaram sempre a filosofar movidos pelo espanto. Aquele que se coloca uma dificuldade e se espanta reconhece sua própria ignorância. (...) De sorte que se filosofaram, foi para fugir da ignorância." (Platão)