terça-feira, 16 de abril de 2019

Deixaste-me um pouco de ti

Quanto de ti ainda tenho, e não queria. Não queria, porque a dor que a tua ida me causou foi tão grande, e a força que minha alma exigiu de mim para deixar-te ir pareceu-me maior que a minha humanidade. Por isso, deixei-te ir. Não que eu quisesse. Na verdade, queria ralhar contigo por tantas coisas, e talvez assim não houvesse, hoje, dentro de mim, tanto sentimento sem nome. Mas eu sabia que isso me seria mais doloroso e procurei seguir em frente. E segui em frente, mesmo sabendo que nunca voltarias, que nunca mais conversaríamos, eu e tu, que poderíamos ter sido tão mais amigos. Eu queria poder te tomar no colo e impedir que tudo te acontecesse e me acontecesse. Eu queria poder tomar no colo a tua própria alma. Em momentos como hoje, vejo o quanto de ti ainda tenho. E sinto saudade.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Quantos defeitos sanados com o tempo eram o melhor que havia em você?

Eu gosto de ler e reler a carta que escreveu Clarice a sua irmã, implorando-lhe: "pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita". Ela lhe perguntou, também: "você já viu como um touro castrado se transforma em um boi?". Essa questão me persegue. Na primeira vez em que a vi, eu era ainda a mocinha nova que escrevia aqui suas indignações, seus sonhos, suas lutas, e que era decidida a não deixar-se domar. Mas a vida não escuta a nossa intenção. Há fases em que o abalo nas estruturas vitais é tão grande que nós chegamos a suspeitar a proximidade do fim, ou, pior ainda, a desconfiar de que não conseguiremos ir em frente. A força de amar, de projetar-se no futuro, de entregar-se sem amarras, tudo isso fica muito prejudicado. E aí, parece impor-se uma suspensão de muitos sonhos, planos, projetos, talentos, habilidades. A energia do corpo e da alma, e mesmo a própria vontade, que antes era sempre tão variada, concentram-se todas na manutenção da vida. Isso, em si, é uma coisa muito poética também. Que, além de Deus, que provê a maior força, o nosso próprio ser seja capaz de um autocuidado tão imenso, de mudar o querer e transformá-lo em uma vontade de acomodação, de estar quieto para seguir vivendo, é algo de extraordinário. E agora me sinto imensamente melhor. Mas eu, que sempre sonhei muito, vejo este lugar, que já tem se prolongado, como transitório. Eu permaneço nele, também, porque fiz a loucura de sobrepor o sonho do outro ao meu. Loucura de amor, não me arrependo. Agora, porém, é hora. Que me perdoem os que creram na minha quietude e que estavam alegres, acreditando que ela duraria para sempre. Eu sei que vocês só quiseram o meu bem, mas o confinamento nunca será o meu bem. Que me perdoem e me entendam, porque eu (ainda) sou (de novo) aquela menina. Já é hora, já é hora. Eu fiz a lista, e não desisti de sonhar. O sonho agora é outro.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Long time no see. Long time since I last wrote in English, this dear language of mine. I have to confess, I've lost the practice. Will come back another day.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Gratidão

É bonito o que disse Jean de la Bruyère: "não existe no mundo um excesso mais bonito que aquele da gratidão". Hoje é um dia de muita felicidade e é um dia em que meu coração se volta para Deus e agradece. Senhor, como é grande tua graça! Muito obrigada, muito obrigada por tudo!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sobre Lucy Alves

Não me lembro de a temporada passada da versão brasileira do The Voice ter sido tão comentada aqui na terrinha. Mas, nesta, quando soubemos que Lucy, do Clã Brasil, cantaria, parece que todos nós reunimos um pouco de força para vê-la cantar, o que foi, na verdade, ver a nós mesmos: nossa vida nordestina, tão colorida, tão bonita, tão forte. Ela não venceu o programa hoje, talvez porque o Brasil é grande e, como o mundo todo, é um pouco americanizado. Mas, Lucy, no meu coração, ganhou todas as vezes! Ela cantou a música com a qual eu, aqui no teatro de arena, percebi os braços da paz do amor da minha vida. Lembrou a boiada seca dos nossos, que convivem com o drama de querer aquela chuvinha que parecia sair da sua voz, e nela encontraram também representação (e teve chuva, nosso sertão, neste fim de ano). Ela disse, com todo orgulho, com toda força: "eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar", agradando muito. Hoje, ela levou seu painho e sua mainha (que coisa bonita!), emocionou a todos e foi a estrela mais linda.
Lucy, eu desejo, aqui deste canto desconhecido, que ninguém possa dizer que lhe viu triste a chorar, porque você também vai explodir nas trincheiras da alegria. Parabéns, Lucy. Obrigada por levar a voz deste povo feliz e forte, que é o nordestino, para todos os cantos deste Brasil, e por honrar seus pais de um jeito tocante assim. Leve-os com você sempre. Que Deus abençoe seus passos e seja glorificado por seu talento e por sua voz, que são presentes dEle. Eu, aqui, estou em sua torcida.

sábado, 30 de novembro de 2013

É difícil explicar como se crê, mas é fácil dizer por que se crê. Difícil falar do que é tão claro em todas as coisas: Deus é. Fácil apontar para a vida de quem foi míope, quase cego, e hoje vê, mesmo que apenas um reflexo no espelho. Fácil demonstrar a presença, o cuidado, a provisão de um Deus que nunca abandona, que sabe o que é melhor. Tão, tão fácil ter um coração agradecido por cada pequena bênção, pela companhia em cada provação, pela Forte Mão que já abriu o mar, mas, de outra vez, apenas apontou para as estrelas, em gestos de igual poder. Tão difícil explicar o presente destes olhos cuja fé - caminho bonito -  decorre da graça apenas.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pequena janela da minha alma, tanta coisa aconteceu. Continuo andando, mas a verdade é que preciso reencontrar o caminho, refazer as primeiras perguntas e encontrar as respostas certas. A verdade, pequena janela, é que minha alma ainda é a mesma, embora mude o tempo todo. Eu volto a você, volto-me a Ele, e acredito - porque é este o meu presente - que tudo será claro outra vez. Tudo será claro, pequena janela. Claro como nunca antes foi.